Você já teve o seu coração partido? É bem provável, afinal, esse tipo de sentimento é vivenciado por todos nós, independentemente se estamos falando de uma relação do tipo romântica ou familiar, entre amigos etc. Uma coisa é certa: alguém vai nos decepcionar em algum momento das nossas vidas. No entanto, há um velho ditado que diz: “Ninguém morre de coração partido”. Mas, será que existe mesmo uma síndrome cardíaca com esse nome? Sim, existe.
Ainda que os óbitos sejam muito raros nesse caso, é importante falar sobre o assunto, que é uma doença que afeta o músculo cardíaco, mais especificamente na região do ventrículo esquerdo, e causa sintomas parecidos com os de um infarto. O nosso coração tem quatro câmaras, sendo dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são encarregados de receber o sangue que vem do corpo, enquanto os ventrículos mandam o fluxo sanguíneo para os nossos tecidos. Ou seja: problemas nessa área podem ser bem graves.
Agora, pense que o coração é um grande músculo, um órgão que trabalha 24 horas por dia, sem descanso. A síndrome do coração partido acontece como uma espécie de cãibra, que faz com que o ventrículo mude a sua conformação e deixe de bombear sangue da forma correta.
O nome correto
“Síndrome do coração partido” não é o nome “técnico” dessa condição. Na verdade, ela se chama cardiomiopatia de Takotsubo ou cardiopatia induzida por estresse. O termo “takotsubo” tem uma origem bem curiosa. Esse é o nome de uma armadilha utilizada por pescadores japoneses para a captura de polvos. Ela é como um jarro deitado diagonalmente, com uma boca mais aberta. A doença recebe esse nome por causa do formato do coração do paciente.
Quando o ventrículo muda de forma devido ao estresse, ele assume uma aparência muito parecida com a dessas armadilhas. Esse formato é facilmente identificado em exames de imagem. Já o nome “cardiopatia induzida por estresse” é autoexplicativo — não se chama “síndrome do coração partido” à toa. A principal causa para o desenvolvimento dessa condição é, sem dúvida, alguma situação que cause grande estresse emocional, fazendo com que esse sentimento se reflita no órgão cardíaco.
Isso acontece devido a liberação de substâncias (como hormônios, inclusive a adrenalina, secretada pelas adrenais) a partir do gatilho causador de estresse. Quando liberada em grandes quantidades, ela pode causar alterações na irrigação sanguínea do coração e fazer com que o músculo se contraia de maneira inadequada. Alguns possíveis gatilhos para o desenvolvimento do problema são: problemas financeiros; diagnósticos difíceis na área da saúde; problemas na família; morte de um ente querido; problemas amorosos, entre outros.
Quanto a grupos de risco, não há um específico para o desenvolvimento da síndrome, sendo esse um problema que pode afetar pessoas de qualquer sexo, etnia, idade e condição social. No entanto, ele é bem mais frequente entre mulheres acima dos 40 e 50 anos, especialmente aquelas que estão vivenciando o processo de menopausa. O motivo para isso ainda está sendo estudado, mas os pesquisadores têm a hipótese de que há uma relação entre a queda na produção de hormônios femininos (como o estrogênio) e a fragilidade do coração.
Sintomas e diagnóstico
Como todo problema, a síndrome tem os seus sinais clínicos. De modo geral, eles são bem parecidos com os observados em uma situação de infarto agudo do miocárdio — que acontece quando o fluxo de sangue no coração não acontece da forma como deveria. Os sinais mais comumente observados são: dor súbita no peito; dificuldade para respirar; desmaios; vômitos; tonturas; cansaço, entre outros.
Na presença de sinais como esses, é fundamental que o paciente busque ajuda médica imediata. Nunca se sabe o que pode ser e apenas profissionais da saúde, munidos de ferramentas diagnósticas, poderão orientá-lo sobre os próximos passos para cuidar do seu coração.
O diagnóstico não é tão complexo, especialmente graças ao formato característico adquirido pelo ventrículo após a situação de estresse. No entanto, são necessários alguns exames para excluir outras possíveis causas, como o infarto.
Como vimos aqui, a síndrome do coração partido é um problema real. Então, cuide bem da sua saúde cardíaca. Afinal, grandes decepções, estresse constante e as pressões da vida moderna podem, sim, afetá-la de maneira negativa. (Fonte: vidasaudavel.einstein.br)
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