O mais recente boletim sobre a pandemia em Nova Friburgo, divulgado pela Prefeitura de Nova Friburgo na noite da última terça-feira, 22, revelou uma situação bem mais confortável na cidade, em comparação com o início do mês. Os testes de Covid-19 diários realizados em pontos de triagem do Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, que já estiveram acima de mil, baixaram para apenas 141 na terça-feira, com somente 27 casos positivos (19,15%). Os negativos (114) chegaram a 80,85% do total do dia.
Nos hospitais de Nova Friburgo, somando as redes pública e particular, a situação, que já chegou no limite da saturação, também é tranquila, mesmo com dez leitos de CTI a menos no Hospital Municipal Raul Sertã, por conta de profissionais de saúde infectados pela Covid-19. A taxa de ocupação nas enfermarias estava em 21,70% e nas UTIs, 30,70%.
O total de casos positivos desde o início da pandemia soma agora 28.722, sendo 888 entre profissionais de saúde, com seis óbitos na categoria. Os negativos totalizam 26.367. Há ainda três casos suspeitos, em investigação. O total de óbitos na cidade está agora em 909. Dois deles ocorreram no último fim de semana, segundo a prefeitura.
Para o especialista Rafael Spinelli, que vem acompanhando a evolução da doença no município desde o início e atuando como consultor para setores empresariais e autoridades públicas de saúde, existe uma forte indicação de que já passamos pelo pico causado pela onda da Ômicron, com as taxas de transmissão já em uma situação sob controle e com redução na taxa de crescimento na última semana. "A taxa de ocupação de leitos também se encontra em um nível razoável de controle, mas ainda requer atenção, assim como o número de óbitos que, embora esteja reduzido, ainda está acima do histórico pré-Ômicron, antes de dezembro de 2021", analisou ele, a pedido de A VOZ DA SERRA.
Seria o início do fim?
Em entrevista ao jornal O Globo, o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), disse que “estamos caminhando para o fim da pandemia”. Ele estima que em breve será possível relaxar o uso de máscaras e alerta para a necessidade de ampliar a quarta dose para os idosos, em especial aqueles que tomaram três aplicações da Coronavac.
Croda já era conhecido internacionalmente por sua atuação no enfrentamento à tuberculose. Quando a pandemia de coronavírus eclodiu, em março de 2020, ele estava à frente do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, na gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta. Desde então, se tornou uma das maiores referências no assunto no Brasil.
“Eu diria que estamos caminhando para o fim da pandemia e vamos entrar numa fase endêmica, com períodos sazonais epidêmicos, como já acontece com a gripe e a dengue, por exemplo. Passar da pandemia para a endemia não significa que não teremos o impacto da Covid-19 em termos de hospitalização e óbitos. Significa que esse impacto vai ser menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e eventualmente até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual. Isso se deve justamente pelo avanço da imunidade coletiva da população mundial. Estamos avançando muito mais às custas de vacinação do que da infecção. Ela foi a grande mudança de paradigma, que reduziu a letalidade da Covid-19 de um número 20 vezes maior que o da Influenza para duas vezes maior, nesse momento”, afirmou ele ao Globo.
Na opinião de Croda, ainda neste primeiro semestre será possível declarar que não estamos mais em emergência de saúde pública, por exemplo. Segundo ele, o número de hospitalizações e de óbitos é que vai determinar o impacto sobre os serviços de saúde.
"Aqui no Brasil ainda vivemos o pico da Ômicron. Ess final de fevereiro ainda teremos muita transmissão, muita hospitalização, muito óbito. Quando tivermos uma situação favorável, os gestores vão começar a copiar as medidas que foram implementadas na Europa, principalmente no que diz respeito às flexibilizações. Isso deve acontecer à medida que a média móvel de óbitos, que é o último indicador a cair, chegue nos períodos pré-Ômicron. A curva de novos casos já começou a cair e a de mortes deve começar a diminuir em breve”, disse ele.
Deixe o seu comentário