Após cancelamento no Rio, carnaval em Friburgo ainda é incógnita

Desfiles no Sambódromo estão mantidos por terem acesso controlado, o que não existe na Alberto Braune
quarta-feira, 05 de janeiro de 2022
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Folião nas ruas de Friburgo (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)
Folião nas ruas de Friburgo (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)

O prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon, ainda avalia se mantém o carnaval 2022 no calendário de eventos da cidade. Apesar do avanço da vacinação em massa e do esvaziamento dos leitos de Covid-19 nos hospitais da cidade, o surgimento de novas variantes do coronavírus e o surto de Influenza no estado levaram municípios como Rio de Janeiro, Niterói, Bom Jardim, Duas Barras  e Santa Maria Madalena a cancelar a festa, total ou parcialmente.  Cabo Frio também ainda avalia a situação. Recife, Olinda e Salvador são outros carnavais de rua famosos também cancelados.

O cancelamento dos desfiles de blocos de rua na capital foi anunciado pelo prefeito  Eduardo Paes na noite desta terça-feira, 4. Os desfiles das escolas de samba no Sambódromo e os bailes em locais fechados, cujo acesso é controlado, continuam valendo, ao menos por enquanto. Em Nova Friburgo - considerado o segundo maior carnaval do estado em número de agremiações -, os desfiles de escolas de samba e blocos de enredo na Avenida Alberto Braune são liberados ao público, se confundindo com o próprio carnaval de rua, o que dificulta qualquer tipo de controle sanitário.

Em nota divulgada no fim da tarde desta quarta-feira, 5, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que ainda está avaliando o cenário pandêmico para decidir sobre o carnaval. “A decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro e de outras cidades também será levada em consideração. Diversas reuniões e discussões entre as secretarias envolvidas na realização do evento e no monitoramento da situação da pandemia ainda serão feitas para que o município decida pela realização, ou não, do carnaval”, informa a nota.

Liga mantém preparativos para a festa

O presidente da Liesbenf, a liga das agremiações locais, José Carlos Espíndola, disse ao jornal A VOZ DA SERRA que a entidade aguarda novas reuniões com setores da prefeitura como a Secretaria de Turismo e que, até agora, os preparativos  para o carnaval  estão correndo normalmente. “Todo o planejamento está sendo feito para a realização do carnaval”, afirmou.

O que diz o especialista

Para o consultor Raphael Spinelli Parrilla, que desde o início vem acompanhando os números da pandemia em Nova Friburgo e realizando estudos que servem de base ao setor empresarial e à prefeitura, para a tomada de decisões sobre a flexibilização das atividades econômicas,  é temerária a realização de um carnaval nos moldes tradicionais.

“É difícil prever como vai estar o cenário da pandemia em dois meses, quando teremos o carnaval, mas, com o quadro atual de aumento da transmissão devido à variante Ômicron, acho temerária a realização de qualquer evento com aglomeração e que não tenha o controle do público participante”, afirmou ele ao jornal A VOZ DA SERRA.

Segundo ano sem carnaval

Este vai ser o segundo ano seguido sem carnaval de rua no Rio, devido à pandemia. Os desfiles dos blocos cariocas costumam aglomerar milhões de foliões pelas ruas. Antes mesmo da decisão do prefeito, a Banda de Ipanema já havia anunciado que não desfilaria este ano, devido à ameaça de novas variantes do coronavírus como a Ômicron.

“Tivemos reunião com o pessoal dos blocos e comunicamos a eles que o carnaval de rua, nos moldes até 2020, que já não havia acontecido em 2021, não poderá acontecer este ano. Tendo em vista os dados epidemiológicos que temos e que poderemos ter, vimos que seria muito difícil fazer o carnaval de rua”, disse Paes ao lado  do secretário de Saúde, Daniel Soranz, e da presidente da Riotur, Daniela Maia.

 Segundo ele, nos desfiles no Sambódromo e nos bailes é possível estabelecer um controle do acesso, o que nos blocos de rua é inviável.

“Nós vamos estabelecer os protocolos do carnaval na Sapucaí, que está confirmado. Lá, podemos estabelecer controles efetivos. De certa maneira, isso também vale para as festas em espaço fechado, é possível fazer um controle. O carnaval de rua, pela sua própria natureza e aspecto democrático, gera a impossibilidade de exercer qualquer tipo de fiscalização”, explicou o prefeito.

Até 21 de dezembro, o comitê científico da Prefeitura do Rio dizia ser possível manter o carnaval, cuja terça-feira cairá em 1º de março. 

Em meados de dezembro, a Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo aprovou por unanimidade projeto de lei autorizando o Poder Executivo a conceder subvenções de até quase R$ 6 milhões a entidades privadas sem fins lucrativos em 2022, incluindo agremiações ligadas ao carnaval.

Avanço da Ômicron

Em meio à proliferação da variante Ômicron, o mundo registrou nesta quarta-feira, 5, um novo recorde de novos casos de Covid em 24 horas: 2,59 milhões de infectados. Mas, com o avanço da vacinação, as mortes seguem em trajetória de queda.

O país com mais casos registrados foi novamente os Estados Unidos, seguido da França e do Reino Unido.

No Rio, a procura por testes de Covid-19 aumentou após as festas de fim de ano. Postos de saúde da cidade estavam com filas de duas a quatro horas de espera para um teste rápido nesta terça, 4. Pacientes apresentavam sintomas como  febre, dor no corpo e tosse. De acordo com a prefeitura, a proporção de casos positivos nos testes de Covid feitos na cidade mais que dobrou entre as últimas duas semanas do ano. Entre os dias 17 e 24 de dezembro, foram 421, ou 6%, entre os 7.020 testes realizados. Na última semana de 2021, entre os dias 24 e 31, 2.521 pessoas testaram positivo — o que representa 13% dos 19.392 testes feitos.

 

 

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TAGS: carnaval | Governo