Friburgo ainda sem o Hospital do Câncer: 5 anos de espera

Enquanto isso, estado investe R$ 45,6 milhões em apoio financeiro a hospitais de média e alta complexidades na Região Metropolitana
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
Comissão visita as instalações do hospital, no fim de julho
Comissão visita as instalações do hospital, no fim de julho

Moradores de Nova Friburgo e região aguardam, há cinco anos, a retomada das obras no prédio, onde o Governo do Estado do Rio de Janeiro prometeu instalar um hospital para tratamento oncológico. Os serviços de adaptação do imóvel onde funcionou o Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs), na Ponte da Saudade, foram iniciadas em 2015 e paralisados no ano seguinte, por falta de verba. Com 12% da obra feita, o prédio já passou por depredação, invasão e foi utilizado por viciados para o uso de drogas. 

Nesta semana, o Governo do Estado liberou mais de R$ 45 milhões em apoio financeiro a hospitais de atendimento da média e alta complexidades na Região Metropolitana, valor correspondente a 77% do orçamento inicial para que o Hospital do Câncer de Nova Friburgo ficasse pronto. A VOZ DA SERRA entrou em contato com o Governo do Estado para saber em que fase está o projeto para a tão esperada licitação da obra do Hospital Oncológico de Nova Friburgo, mas não obtivemos resposta. 

O vereador José Roberto Folly, que faz parte do movimento S.O.S. Hospital do Câncer, e, hoje, toma conta do espaço para evitar novas invasões e depredações do prédio, informou que os técnicos da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) estão atualizando o orçamento, que deve ficar pronto em setembro para a abertura de uma nova licitação para escolha da empresa que será contratada para retomar as obras. Disse ainda que até dezembro a empreiteira deve ser escolhida.

No final de julho, o diretor geral de Obras da Emop, Mauro Duarte; a superintendente de infraestrutura logística da Secretaria estadual de Saúde, Juliana Ribeiro; o consultor técnico da Emop, Wilson José Fernandes e o gerente de projetos da Emop, Paulo Espina, visitaram o local da obra e segundo o vereador José Roberto Folly, colocaram o projeto do hospital como prioridade número um da Emop. 

“Após percorrerem todas as instalações do futuro Hospital Oncológico Francisco Faria recebemos a grata notícia de que o processo para o reinício das obras se tornou o número 1, na escala de prioridade, e o ritmo nas secretarias estaduais está acelerado. Muito em breve, não só os friburguenses, como os pacientes dos municípios circunvizinhos verão este sonho se realizar”, disse ele em postagem nas redes sociais.

Uma outra equipe de representantes da Emop e da Secretaria de Saúde do estado já haviam feito uma vistoria técnica ao local em maio. Na ocasião, além do vereador, também estiveram presentes o prefeito Johnny Maycon e a secretária de saúde, Nicolle Cypriano. Depois desse encontro, a prefeitura fez a limpeza e capina no local.

O vereador lembrou ainda que durante a visita do governador Cláudio Castro a Nova Friburgo em janeiro deste ano, quando completaram-se dez anos da tragédia climática na Região Serrana, foi entregue a ele um dossiê detalhado, com fotos, informações, abaixo-assinados e cópias de inquéritos abertos em prol do reinício das obras. “Na ocasião, o governador garantiu que um dos projetos de sua gestão seria a retomada das obras do Hospital do Câncer de Nova Friburgo, disse o vereador.

Desejo antigo

As obras do Hospital do Câncer começaram em 2015 e foram paralisadas no ano seguinte por falta de recursos. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a conclusão do empreendimento, que já havia sido objeto de acordo entre as partes em 2012, mas em 2016 - um ano após o início das obras -, os valores contratuais foram atualizados e o Governo do Estado do Rio não cumpriu sua parte, o que fez com que a construção fosse interrompida.

O contrato previa um repasse de R$ 49 milhões do Ministério da Saúde por meio do programa “Estruturação da Rede de Serviços de Atenção Especializada”, além de quase R$ 10 milhões do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 2016, com a atualização do valor em quase R$ 4 milhões, a Caixa Econômica Federal, autora do repasse, exigiu que o Governo do Estado do Rio, já em grave crise financeira, cumprisse pendências financeiras para autorizar a entrega. Com a não realização por parte do Executivo estadual, a obra foi interrompida quando já havia 12% dos serviços concluídos.

Déficit na cobertura para pacientes

Em 2012, o Ministério da Saúde reconheceu o déficit na cobertura para pacientes oncológicos. Segundo parecer de mérito, ficou reconhecido que o Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Serrana possui uma carência de 149 leitos hospitalares, o que fazia a criação do Hospital do Câncer ser urgentemente necessária para a população de toda a região, não apenas de Nova Friburgo.

Atualmente, os pacientes que precisam de tratamento oncológico são transportados para o Rio de Janeiro ou Teresópolis em trajetos que não duram menos que duas horas e meia de viagem. Os pacientes perdem um dia inteiro para fazer um exame, pois precisam aguardar até o atendimento do último paciente para poder retornar a Friburgo em vans fretadas pela prefeitura.

A experiência dramática de horas de espera e deslocamento por que passam os pacientes oncológicos na Região Serrana é diametralmente oposta à instrução do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que, entre dezenas de cuidados paliativos, recomenda “evitar lugares fechados, sem ventilação e com aglomeração de pessoas”, além de “procurar ter um bom sono e repouso”.

 

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TAGS: saúde | Governo | obra