A espiritualidade conjugal e familiar

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terça-feira, 13 de julho de 2021

No último capítulo da exortação apostólica Amoris Laetitia, o pastor maior da Igreja Católica, o Papa Francisco, reflete sobre a espiritualidade do casal e da família (313-325), destacando que a presença do Senhor habita na comunidade familiar real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. O papa apresenta o seu entusiasmo pela "alegria do amor": "...apesar das muitas dificuldades" (1), é preciso ir em frente, contando sempre com Cristo. "Avancemos, famílias. Continuemos a caminhar! Aquilo que se nos promete é sempre mais! Não percamos a esperança por causa de nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida"(325).

Reafirma a inabitação do próprio Deus na comunhão familiar: "A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos divinos"; "A espiritualidade familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une o 'humano e o divino' porque está cheia do amor de Deus" (315). Sublinha que "a comunhão familiar vivida é um verdadeiro caminho de santificação na vida ordinária e de crescimento místico, um meio para a união íntima com Deus".

Com o subtítulo - ‘Unidos em oração à luz da Páscoa’, ressalta a oração em família como "um meio privilegiado para exprimir e reforçar a fé pascal" (317), acentuando as expressões da piedade popular, com a culminância na palavra e na eucaristia na celebração e no descanso dominical. Com o outro subtítulo – ‘Espiritualidade do amor exclusivo e libertador’, reforça que se deve reconhecer a presença de Cristo no outro, onde "os esposos assumem o desafio e o anseio de envelhecer e gastar-se juntos e assim refletem a fidelidade de Deus. Esta firme decisão que marca um estilo de vida é uma 'exigência interior do pacto de amor conjugal" (319).

Tematizando a 'Espiritualidade da solicitude, da consolação e do estímulo', o sucessor de Pedro afirma que "os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para o outro, para com os filhos e mais familiares". Para tal doação deve haver a disponibilidade gratuita e generosa, o despojamento e a liberdade interior, na compreensão de que não pode possuir o outro na sua total intimidade, mas que ambos pertencem ao Senhor, desenvolvendo uma madura autonomia. E enfatiza: "A vida em casal é uma participação na obra fecunda de Deus e cada um é para o outro uma permanente provocação do espírito. Assim, os dois são entre si reflexos do amor divino que conforta com a palavra, o olhar, a carícia, o abraço" (321). Espiritualidade refletida também na santidade da união afetivo-sexual, já abordada pelo papa (cf  74), cumprindo o fim unitivo do amor conjugal no matrimônio, como valorizara na exortação (cf  36), ao lado do outro fim, procriativo, na geração e educação dos filhos, na consciência e vivência amorosa das duas propriedades essenciais, a unidade-fidelidade e a indissolubilidade.

O papa chama esta divina missão de "pastoreio misericordioso", onde cada um é "pescador de homens" (Lc 5,10) ou "um lavrador que trabalha nesta terra fresca que são os seus entes queridos, incentivando o melhor deles". E conclui: "A fecundidade matrimonial implica promover" (...) "Isto é um culto a Deus, pois foi ele que semeou muitas coisas boas nos outros, com a esperança de que as façamos crescer" (322). O sentido missionário da família cristã que recoloca, com entusiasmo: "Sob o impulso do espírito, o núcleo familiar não só acolhe a vida no próprio seio, mas abre-se também, sai de si para derramar o seu bem nos outros para cuidar deles e procurar a sua felicidade" (324). E termina com uma belíssima oração pela família.

Nos diversos ângulos da vida cristã e da edificação da pessoa humana, do casal, da família e da Igreja, a exortação apostólica Amoris Laetitia se apresenta como uma abençoada enciclopédia teológica, afetiva, espiritual e pastoral, refletindo a maternidade e a paternidade eclesial, no serviço de acolhida, compreensão, acompanhamento, cooperação, amparo, auxílio, conversão, direcionamento, iluminação, evangelização, santificação e salvação de cada filho, o mais perdido, o mais afastado, o mais equivocado, esmagado, desfigurado ou destruído, com todas as graças abundantes e regeneradoras da misericórdia do Bom Pastor.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler e assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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