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O trabalho edifica
A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.
São João Paulo II, ao refletir sobre o trabalho humano, adverte que se é verdade dizer que a humanidade se sustenta com o pão fruto do seu labor, isto equivale dizer que além do pão cotidiano que mantém vivo o corpo, o trabalho produz o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura (cf. Laborem exercens, n. 1).
Ainda há de se considerar que o trabalho é também um ato de coragem diária, pessoal e coletiva, que encarna e reivindica as razões de um recomeço, que diz respeito a todos. Mais que esforços e canseiras pessoais comuns no ato do trabalho, o trabalhador tem que enfrentar muitas tensões, conflitos e crises que perturbam a vida de cada uma das sociedades ou mesmo da humanidade inteira.
Deste modo, é essencial ampliar nossa compreensão a cerca do conceito trabalho. A ideia difundida na primeira metade do século 19, e existente ainda nos dias atuais, equivocadamente equivale o trabalho a uma mercadoria que podia ser comprada ou vendida sem considerar o valor de quem o executava e de sua importância para o funcionamento da sociedade.
Devemos encarar o trabalho humano pela dimensão fundamental do sujeito, isto é, do homem-pessoa que o executa. Assim considerando, se entende que o trabalho é um bem do homem e da humanidade, na qual o trabalhador não transforma somente a natureza, adaptando-a à sua necessidade, mas, pelo trabalho, realiza-se a si mesmo como homem, tornando-se mais homem.
O Papa Francisco, ao refletir sobre o trabalho como vocação do homem, diz que: “É o trabalho que torna o homem semelhante a Deus, pois com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas; até mesmo de criar uma família para seguir em frente. O homem é criador e cria com o trabalho. Esta é a vocação. E a Bíblia diz: «Viu Deus que tudo quanto tinha feito era muito bom» (Gn 1, 31). Ou seja, o trabalho tem em si uma bondade e cria a harmonia das coisas - beleza, bondade - e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, na sua atuação, em tudo. O homem participa no trabalho. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isto dá dignidade ao homem. É a dignidade que o faz assemelhar-se a Deus. A dignidade do trabalho” (Homilia, 1º de maio de 2020).
Deste modo, toda a injustiça cometida a uma pessoa que com seu trabalho contribui para a edificação da comunidade é um ato de violência contra a própria dignidade humana. O trabalho é uma bonita vocação dada por Deus ao homem, mas só pode ser vivida em toda sua beleza e profundidade quando são oferecidas condições adequadas e respeitada a dignidade da pessoa.
Ao refletirmos sobre este tema, não temos como deixar de lembrar e sensibilizar com os mais de 14 milhões de desempregados do nosso país (fonte: IBGE). Neste ano dedicado a São José, no qual muitos irmãos e irmãs sofrem a calamidade do desemprego, peçamos ao humilde trabalhador de Nazaré, que nos oriente a Cristo, sustente o sacrifício daqueles que praticam o bem neste mundo e interceda por aqueles que perderam o próprio emprego ou não conseguem encontrá-lo.
Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.
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