Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Não está fácil para ninguém
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Não está fácil para ninguém, não é mesmo? Não está. Aliás, decidi desconfiar das pessoas que estão perfeitamente bem diante deste cenário que estamos vivendo. Penso que não tem como estarmos plenos diante de tanta dor. Mesmo quando não dói na gente, quando o problema não se instala em nosso lar, que nossos entes queridos estejam bem, não há como não nos compadecermos do que está acontecendo.
Há muitos anos fiz uma escolha profissional que me levou ao cerne de muitos problemas das pessoas. Fui ao longo do tempo tentando aprender a me blindar minimamente sem que toda a humanidade fosse a segundo plano. Assim, o trabalho de aliviar conflitos, reverter problemas, encontrar soluções, buscar por justiça, preconizar o estudo, sempre fez total sentido, pois ao lidarmos com gente, precisamos ser gente, no sentido mais profundo da palavra. Ser gente cuidando de gente. Preceito básico.
Neste último ano com os desafios inalcançáveis da pandemia, o laboratório de vida tornou-se muito mais complexo, com inéditas dores e percalços. Passamos a lutar por sobrevivência, uma sensação que até então era muito desconhecida por muitos, embora familiar a tantos outros. Pois é. E quem consegue ignorar as centenas de milhares de pessoas que morreram? As centenas de milhares de pessoas que perderam suas fontes de renda? As milhões de famílias desmanteladas? Não podemos ignorar o que está acontecendo. Por mais que sejamos gratos, privilegiados ou sei lá mais o quê. Simplesmente não podemos. Ou não devemos.
É. Não tem como. E se eu me deparar com pessoas que não sentem a dor do que estamos vivendo mesmo quando as feridas sangram na pele dos outros, escolherei não tê-las como amigas, pois não creio ser possível existir sem humanidade, sem empatia, sem um olhar voltado para o outro, por mais que saibamos o tanto que devemos lutar para ficarmos bem, melhorarmos, progredirmos e mantermos a sanidade, a saúde e a esperança diante do caos.
O vírus invisível, arrebatador, avassalador se espalhou pelo ar e atingiu a todos. Uns mais, outros menos. E o que temos feito para melhorarmos enquanto seres humanos e enquanto cidadãos, células que compõem um organismo social mais amplo. Que tipo de gente temos sido agora?
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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