Na última quarta-feira, 5, teve início a desmobilização do Hospital de Campanha de Nova Friburgo. Todas as atividades no interior da unidade, localizada no ginásio poliesportivo Frederico Sichel, do Sesi, no Prado, distrito de Conselheiro Paulino, foram encerradas. A próxima fase será o de desmonte da estrutura, mas até o momento, ainda não há uma previsão para acontecer.
Inicialmente, a organização social (OS) Iabas seria a responsável pela gestão das sete unidades de campanha do Estado do Rio, incluindo a de Nova Friburgo. Em junho, o Iabas foi afastado pelo governador Wilson Witzel da gestão dos hospitais de campanha que iriam oferecer tratamento a pacientes infectados de coronavírus com necessidade de internação. O motivo do rompimento foi o atraso para a conclusão das obras dos hospitais de campanha de Friburgo, São Gonçalo, Casimiro de Abreu, Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu e Duque de Caxias.
A gota d’água, segundo o então secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, teria ocorrido com a constatação de que 500 respiradores comprados pela OS Iabas para os hospitais, na verdade, eram equipamentos para anestesia, que não podem ser utilizados nas unidades de saúde.
No projeto inicial, o Hospital de Campanha de Friburgo teria 100 leitos, sendo 60 de enfermaria e 40 de UTI. Após assumir o comando da Secretaria estadual de Saúde (SES), o secretário Alex Bousquet, informou que o Hospital de Campanha passaria a ter 60 leitos, sendo 40 de enfermaria e 20 de UTI.
O contrato com a OS Iabas para construção e gestão dos hospitais de campanha do Estado do Rio está sob intervenção da Fundação Estadual de Saúde desde o início de junho. Com isso, a fundação está responsável pela supervisão do contrato e pela autorização para liberação dos valores previstos para a manutenção das unidades de campanha em todo o Estado. Neste período, o Iabas não recebeu mais verba alguma, além dos R$ 256 milhões que já tinham sido repassados anteriormente pelo Estado, num total de R$ 770 milhões.
Em entrevista à imprensa na última quinta-feira, 6, o secretário estadual de Saúde, Alex Bousquet, informou que a SES está começando a rever o modelo de gestão das unidades de saúde do Estado do Rio por organizações sociais. O secretário disse que o modelo “se esgotou” e que uma nova forma de gestão precisa ser posta em prática no Estado do Rio. A atuação da Fundação Saúde (FS) será ampliada, para que ela possa administrar diretamente alguns dos principais hospitais da rede estadual, com atendimentos de alta complexidade.
“Precisamos ter como fazer uma comparação entre os modelos, comparar índices assistenciais e também econômicos e financeiros, para podermos definir a melhor proposta para o Estado e a população fluminense”, disse Bousquet. Já está decidido que a FS vai inicialmente assumir a gestão completa do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, bairro da Zona Norte carioca. A clínica médica e a UTI do hospital estão atualmente sob administração da organização social Instituto Lagos Rio. A FS, que já administra todos os demais setores da unidade, assumirá a gestão completa. A data da substituição ainda não foi anunciada. O contrato com a OS Lagos Rio vai até dezembro.
“Quando foi criado, o modelo de organização social parecia o ideal, mas hoje percebe-se que não é. O modelo, no mínimo, precisa de muitos reparos. Um já estamos fazendo: a mudança dos critérios de habilitação e qualificação das organizações sociais. Nós vamos torná-los mais rigorosos. Acho que o modelo se esgotou e precisa ser substituído, mas não podemos acabar com ele de um dia para o outro, pois seria um caos na saúde pública do Rio. Mas o modelo vai ser aperfeiçoado” afirmou o secretário.
Em Friburgo, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do distrito de Conselheiro Paulino também é administradas por uma OS. Atualmente, a ONG Viva Rio.
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