Há três meses, quando boa parte do comércio não essencial de Nova Friburgo foi fechado por causa da pandemia do coronavírus, pouco se sabia do futuro do funcionamento desse setor. À época, as projeções negativas e temerosas de queda de receita, demissões e falência, foi se confirmando com o passar dos dias. Apesar de um decreto municipal permitir o funcionamento, sob esquema especial, de bares e restaurantes, o setor foi fortemente atingido. Mesmo com a maior parte dos estabelecimentos se adequando ao sistema de delivery, a receita de cada um foi seriamente prejudicada e os donos de muitos locais precisaram se adaptar à nova realidade.
Para alguns, infelizmente, a solução teve de ser a mais drástica: fechar definitivamente as portas. É o que explica Liana Buscky, representante do Sindicato de Hóteis, Restaurantes, Bares e similares de Nova Friburgo (SHRBSNF). “O setor foi fortemente abalado, para alguns, irreversivelmente. No momento da suspensão das atividades (no último dia 20 de março), ninguém tinha ideia de quanto tempo levaríamos com as portas fechadas. A expectativa inicialmente era de, talvez, cerca de 15 dias. Nesse primeiro momento, houve poucas demissões. Com o tempo, os empresários foram ficando em situação muito difícil, venceram as folhas de pagamento de março, aluguéis etc. Saíram os planos do governo, e esse era o momento de decidir sobre mão de obra”, pontuou Liana, ao informar que o setor de restaurantes demitiu cerca de 10% dos funcionários.
Os serviços de entrega em domicílio ou de drive-thru adotados por alguns restaurantes para driblar a crise têm surtido efeito paliativo. Segundo Liana, estão em melhor situação os estabelecimentos que já tinham a tradição de oferecer estes serviços. “Estima-se um prejuízo de 80% dos restaurantes. Os que estão trabalhando em delivery ou take away (retirada de encomenda no estabelecimento), vendem entre 10% e 15% de suas vendas normais. O que não cobre os custos da casa. Vendem melhor aqueles restaurantes que já tinham tradição em delivery ou aqueles que reduziram muito seus preços de modo a incentivar as vendas, mas nada comparado ao que já foi”, observa Liana.
A crise sanitária que já se aproxima de 100 dias fez com que muitos proprietários de restaurantes e bares começassem a fazer cortes no quadro de funcionários. “Passados três meses contraindo dívidas, negociando com fornecedores, conseguindo redução de aluguel, os empresários restauranteiros se viram obrigados a fazer demissões, algo entre 10% a 20%. Alguns restaurantes fecharam as portas definitivamente, infelizmente”, lamentou Liana.
Forte impacto nos hotéis
Outro setor seriamente atingido foi o de hotelaria. De acordo com Liana, alguns estabelecimentos mantiveram o quadro de funcionários inteiro, outros tiveram que dispensar para não fechar. “Alguns mantiveram todos os funcionários, alguns rescindiram os contratos de experiência, outros demitiram. Hotéis, pousadas, motéis e similares, foram totalmente fechados e o caos se fez. Não houve jeito se não se endividar e não fazer demissões. Não há empresa que tenha fôlego para suportar três meses com faturamento zero. Os empresários e os funcionários precisam que seja flexibilizado o funcionamento do setor”, apela Liana Bucsky.
Mesmo com uma flexibilização imediata, ela tem ciência de que a curto prazo não haverá plena recuperação econômica. “Todos temos plena certeza de que a economia não se restabelecerá plenamente, em curto prazo, mas podendo trabalhar, dentro das normas estabelecidas, de modo a proteger a todos da pandemia, teremos chance de mantermos as nossas empresas e nossos postos de trabalho”, concluiu.
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