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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

terça-feira, 09 de março de 2021

A viagem de hoje começa pelo editorial de Ana Borges, no Caderno Z do último fim de semana, pois, em suas considerações, ela nos lembra a escritora Simone de Beauvoir que comparou o árduo trabalho doméstico das mulheres, como sendo a "tortura de Sísifo". E pergunta: Alguma mulher aí discorda de Beauvoir? – Eu concordo totalmente e só amenizei meu fardo doméstico, quando passei a usar o tempo de trabalhos no lar para pensar, pois, muitos dos meus textos foram escritos na memória, enquanto o batente caseiro, de jornada dupla, consumia o meu tempo. E o “Z” trouxe mais questões: “Qual o maior desafio das mulheres do século 21?”. Pelas conquistas até agora alcançadas, o desafio maior parece ainda ser o respeito aos seus dons e talentos e a todas as suas tendências e escolhas.

São séculos de lutas, galgando degraus na sociedade, como o direito ao voto que, no Brasil, só veio a partir de 1932. Em 1961, no governo de Jânio Quadros, fora proibido o uso de biquini e até 1962 havia uma lei que proibia a mulher de exercer uma profissão sem permissão do marido. Até 1980, o homem podia “pedir anulação de casamento, caso descobrisse que a esposa não era mais virgem”. Numa sucessão de movimentos feministas, o pódio da liberdade tem sido alcançado. E nada como ter um aliado da luta feminina como Wanderson Nogueira que ressalta: “Eu não quero ser mais um machista...” e prossegue em seu sentir profundo: “Não por vaidade moral, mas porque quero respeitar em sua integralidade o espelho que reflete minha mãe – toda mulher – vinculada a mim ou não. Eu disse: todas as mulheres em suas mais diversas personalidades...”.

Deixando o “Z”, mas ainda no tema, se hoje nos espantamos com a proibição, por exemplo, do uso de biquini em 1961, passados 50 anos, ainda temos que lidar com a Lei Maria da Penha, pois a violência contra as mulheres é uma aberração. Bem fez a cabeleireira Thalassa Vaz que, “cansada de relacionamentos abusivos”, se embrenhou na prática esportiva do muay thai, o caminho para uma grande mudança em sua vida. Não somente no aspecto da luta física marcial, porém, mais ainda na parte emocional e mental. E ressalta: “todo esse processo de autocuidado só me trouxe benefícios...”.

 Carolina Alves Maia, pedagoga, advogada e perita criminal, conversou com Ana Borges e nos contou sobre os desafios de ser mulher trans. Em uma página inteira de relatos emocionantes, de início, ela ressalta: “Ao ter coragem de se aceitar é preciso, antes de tudo, se amar”. Jovem ainda, com uma trajetória de vida marcante, Caroline observa: “São muitas as dificuldades na vida de uma pessoa transexual, começando pela vivência com os familiares e amigos, depois pela sociedade como um todo...”. Na certeza de quem sabe o que quer e não desiste dos sonhos, ela conclui: “a luta continua.”

 Assim como as lutas pela integridade da mulher e por todas as questões relativas aos temas da sexualidade ainda promovem debates, sujeitos a todos os tipos de discriminação, os idosos também precisam de órgãos que defendam os seus direitos. Não sem razão, o Comdipi (Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa), e a Secretaria Municipal de Assistência Social estão em defesa de um espaço para a convivência da terceira idade, depois de encerradas as atividades no Clube de Xadrez. Bem se vê que caminhamos para um mundo de lutas, cada vez mais acirradas, por direitos que deveriam ser naturais para os humanos.

 Em “Há 50 anos” a Cadeia Pública de Nova Friburgo era inaugurada junto ao prédio da delegacia policial na Vila Amélia, com lotação para “100 presidiários, salão de refeições, salas de aula com televisão e rádio, cozinha, gabinetes sanitários etc”. Era coisa de primeiro mundo! E com louvores ao, então, delegado Amil Rechaid “que realizou as obras com seus recursos pessoais e contribuições de um grupo de amigos da comunidade”. Que beleza! Mas, voltando ao presente, Nova Friburgo volta à bandeira laranja, indicando risco moderado, mesmo com o aumento de casos de infectados indo para a marca de 10.503 e 309 óbitos. A bandeira vermelha passou num piscar de olhos, nem deu tempo de a população se inteirar da gravidade dos fatos. Que situação drástica!

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A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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