O amor reina

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 06 de fevereiro de 2020

O amor reina. Ele é sereno. É manso. Não é ciumento, nem dominador. Ele oferece liberdade. Respeita. Ilumina. Mantém a calma. Não precisa se mostrar, se exibir. Vem para unir sem ditadura. É sublime e não carnalizado.

O amor não é o sentimento, mas produz sentimentos. O amor não é o sexo, mas pode conduzir para ele numa relação válida. Sexo sem amor é só carne, superficial, efêmero, e é a parte mais fácil de qualquer relacionamento. O amor permanece, e não depende de excitação física erótica.

Sim, o amor pode morrer. O que morre é o amor humano. Com ou sem sexo. Mas você pode amar maduramente sem ter vida sexualmente ativa. Muitas pessoas brilhantes não têm vida sexual, genital. É uma mentira, e não é científico, dizer que as pessoas podem ficar neuróticas se não tiverem vida sexual ativa. Pode até ocorrer o contrário, pessoas fissuradas em sexo demonstrarem com isso, com esta obsessão, terem problemas psicológicos. Vício em sexo, em pornografia, é doença.

O amor domina no sentido de ser superior a tudo o mais. Fé, esperança, amor. O maior destes três é o amor. Não na vulgaridade difundida pela má mídia e em muitas redes sociais. O que segura um relacionamento homem-mulher é o amor. Não é o sexo, não são filhos, não é a religião necessariamente, e nem o dinheiro. É o afeto maduro, sem erotismo. Amor puro.

Sem amor você pode ganhar muito dinheiro, é verdade. Mas será que na busca frenética pelo dinheiro não pode estar um pedido de amor? Sim, pode estar, mesmo que o rico não queira distribuir sua riqueza com os pobres. Ganhar dinheiro para ter amor pode não funcionar porque as pessoas por perto talvez vão querer o dinheiro e não a pessoa.

O amor reina. Olhamos o mundo ao redor e parece mentira dizer isso. Sim, parece mentira mesmo. O que vemos? Ganância, materialismo, corrupção, obsessão pelo poder, conflitos de interesses, mentiras empresariais, guerras, epidemias, violência, enchentes, terremotos, furacões, tornados, competição desonesta e desumana, ciúmes violentos.

O amor reina. O final, e estamos bem perto dele, mostrará que o amor reina. E vence. Sim, o amor-justiça, o amor-serenidade, o amor-lealdade, o amor-verdade, o amor-misericórdia, o amor-ética. Só dá para ter saúde mental recebendo este amor, um dia de cada vez, um momento de cada vez.

O que cura é o amor e a verdade. Numa psicoterapia, que é um tratamento psicológico para sofrimentos mentais de níveis diferentes, o que se busca é o amor e a verdade. Amor no sentido do paciente perdoar as pessoas do seu passado e/ou presente que contribuíram para sua dor emocional. Amor no sentido da pessoa passar a aprender a amar a si mesma de modo equilibrado. Amor no sentido começar a respeitar a si e com isso parar de ficar esperando afeto das pessoas, seja se submetendo à elas de forma errada, seja querendo dominar os outros.

No atendimento psicológico ou psicoterapia também buscamos a verdade. Sem verdade não tem cura, não tem recuperação. O Brasil, o Estado, o Município, a família, o individuo só irá para a frente, só crescerá se aplicarem a verdade. A mentira atrofia, destrói. Nosso cérebro “sabe” disso. Quando você quer enganar seu corpo, sua biologia, com mentiras, as células se reúnem e dizem: “Vamos ter que desligar. Esse cara não quer a verdade, e sem verdade não há vida.” Daí pode começar o que se chama de “suicídio celular inteligente”. Ele serve para impedir a perpetuação da malignidade, da destruição. Encurta a vida para diminuir o tempo de sofrimento.

O amor reina. Ele é soberano. Ele vencerá de forma universal no final. Mas já vai vencendo gradativamente. Obrigado amor. O amor reina.

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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