Grita. Não aceite isso não. Exponha ainda que silenciosamente a parte que não mais te cabe desse latifúndio histórico de opressão. Abra mão dessa “terra” besta. Reconheça teu valor e não temas pelo leite que jaz derramado. Até as vacas hão de doar mais leite para recompor sua liteira avariada.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Volta e meia perguntam-me como dou conta de tudo. De tanto tentar responder a essa indagação, reparei que eu também de tempos em tempos confabulo como fulano é capaz de fazer tudo o que faz e seguir sorrindo; como beltrano tem energia para desempenhar tudo o que desempenha e ainda conseguir cozinhar pratos maravilhosos aos fins de semana; como ciclana multitarefas ainda é capaz de praticar atividades físicas diariamente e cumprir uma dieta vegana.
Pesquisa de campo: Quem gosta de carnaval? Levante a mão aquele que consegue não se contagiar com a energia que paira sobre nós nessa época do ano. Não há como negar, fica uma euforia no ar. Se pararmos para observar atentamente até mesmo o tal “pré carnaval”, perceberemos que mesmo esses dias que antecedem a folia são mais agitados, mais coloridos. Parece que as pessoas estão mais afobadas, o trânsito um tanto mais confuso e há até aqueles que emendam o feriadão, quando não resolvem ainda começar efetivamente o ano tão-somente após a folia.
... Aquilo que não gostaria que fizessem com você. É tão simples assim como parece? Deveria ser. Comumente vivemos situações embaraçosas, desconfortáveis, angustiantes e sentimo-nos tristes e sobrecarregados. Situações essas que não raras vezes poderiam ter sido evitadas se nossos interlocutores da vida pensassem em evitar fazer às pessoas aquilo que abominariam que impusessem a elas. Seria bem mais fácil.
Pois é. Comprometimento é virtude em falta, como se diz. Nem todas as pessoas conseguem, querem, gostam ou necessitam se entregar ao que se propõem a fazer. É bastante comum a meia entrega, aquela barrada pelo clássico “pé atrás” para tudo, por vezes somado àquela preguiça, prima daquela falta de motivação que mais funciona como travas do que qualquer outra coisa.
Maria circulava por aí. Todo santo dia, mil tarefas por fazer, atividades de não dar conta, alguma energia vital, e a vontade de fazer dar certo. Seu simples viver dentro da normalidade, a intrigava por uma razão: ela não conseguia compreender a razão de alguém sempre exigir-lhe recompensas por alguma coisa ou indagar-lhe sobre seus interesses pelos feitos. Ela sequer conseguia explicar, mas relatara o que lembrava.
Somos instados a fazer escolhas o tempo todo. Se pegarmos como exemplo, um único dia de nossas vidas, já podemos perceber que ao abrir os olhos pela manhã, já necessitamos optar sobre o que fazer logo em sequência. Algumas pesquisas já dão conta de que muitos de nós decidimos logo nos primeiros segundos do despertar, olhar para as telas luminosas dos celulares.
Tudo estava empoeirado. Parecia não existir ninguém ali, aliás, parecia que ninguém trabalhava, conversava, tomava uma xícara de café ou lia um livro naquele ambiente. Era até difícil imaginar o tanto de decisões que poderiam ter sido tomadas naquela sala de reuniões ou a troca de olhares entre os anfitriões. Nas caixas havia sinais de que alguém passara por ali; havia folhas brancas, novas, entre as amareladas e gastas pelos tempos. Nas prateleiras, livros novos dividiam espaço com as “relíquias” do século passado.