Inevitáveis têm sido os estranhamentos, as surpresas e as reflexões sobre esse mundo novo, que ao mesmo tempo em que parece não ter engatinhado, já aprendeu a voar: o mundo virtual, a conectividade constante e a partilha de afetos e de vidas pelas redes sociais. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, as perdas, os anseios, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Em tempos de pandemia, com aumento de pacientes infectados, o que precisamos mesmo para os próximos dias, meses, anos, horas, segundos... é mesmo de boas notícias, que aumentem a nossa autoestima, de verdade. De todos os lados. Desejo que seu telefone toque para que alguém lhe conceda uma boa nova. Que as capas de jornais e revistas ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.
Há momentos na vida em que pausas se fazem mais que necessárias, por uma série de motivos. Talvez seja mais interessante projetá-las com estratégia, inteligência e planejamento, compreendendo sua importância. Não sei se as pessoas conseguem. O que vejo com bastante frequência é a pausa forçada. Aquela imposta pela vida, pelas circunstâncias, por fatores externos. Ou mesmo quando o corpo grita, a saúde é prejudicada, as forças se esvaem e aí, não resta outro caminho, senão sentir na pele os sinais e ... parar.
Chegou o mês de julho. Para muitas pessoas, era um mês esperado, com alguns dias de férias e oportunidade de descansar, dar uma breve pausa, quem sabe até fazer uma viagem. Não à toa os pacotes turísticos para esta época do ano sempre foram muito procurados.
E se o amanhã não for o que esperamos dele. E se o mundo mudar da noite para o dia. E se a nota não corresponder ao tanto que for estudado. E se o amor não for correspondido na mesma medida do que foi emanado. E se não chover. Se não passar. Se não melhorar. E se os males vierem para o bem. Se encontrar pessoas certas na hora certa. E se o sonho não se concretizar. E se o emprego não der certo. E se as projeções forem frustradas. E se uma nuvem de gafanhotos invadir o país. E se ...
Esse novo momento que estamos vivendo já recebeu apelido: é o “novo normal”. O que esperarmos dele? Bem, acho que não sabemos o que esperar e nem podemos. As coisas estão acontecendo de maneira absolutamente veloz e se vêm se transformando da noite para o dia. Nesse cenário, alguns de nós encontrará terreno fértil para crescimento, outros terão mais dificuldades de adaptarem suas realidades a essa nova forma de existir. Fato é que uma característica pessoal tem se mostrado preciosa: a adaptabilidade.
Que história é essa de cancelar gente? Juro que vi e não entendi. “Fulano foi cancelado”. “Cancelaram Beltrano na internet.” Oi ? Do que se trata o cancelamento de pessoas? O dicionário Aurélio traz como alguns dos significados do verbo cancelar “tornar sem efeito, anular, eliminar; suspender, suprimir”.
“ - Conte-me a verdade, mas se possível, fale com palavras suaves para que não perca meu lampejo de esperança.” Assim pediu o senhor ao neto que chegara à sua casa com informações recentes sobre economia, política e saúde pública. O neto, pôs-se a pensar sobre estranho pedido do avô, afinal, como contar-lhe a verdade sobre o mundo de forma a nutrir alguma esperança? Ele não sabia fazê-lo. Não estava preparado.
Hoje me permitirei a paráfrase. De mim mesma. Das minhas próprias palavras publicadas. Muita coisa continua igual, infelizmente, embora o cenário esteja ainda pior. Em fevereiro de 2018, nesta coluna, publiquei um texto intitulado “O mundo não é bipolar”. E continua não sendo, embora a dicotomia se mostre absolutamente presente em algumas estruturas de pensamento, a meu ver, humildemente, limitadas.
Só queria tempo para olhar com toda calma para esse azul pintado no céu desses dias. Observar que apesar de todo caos que estamos vivendo, ele continua lá, com uma beleza exuberante. Queria ter como experienciar os dias frios com a intensidade que pude em outros outonos e invernos. Era bom saborear as delícias dessa época com o olhar mais despreocupado.