Mais do mesmo

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

sábado, 01 de fevereiro de 2025

Vou tocar num tema que para muitos é “mais do mesmo” ou “chover no molhado”. Pode até ser. Mas segue sendo rotina para muita gente: o enfrentamento do desafio do equilíbrio entre vida profissional e pessoal no mundo de hoje. Como se fossem duas vidas, quando na verdade, somos uma pessoa só. Somos um todo. E conciliar as múltiplas vertentes dos seres complexos que somos poderia ser simples, mas não é.

O viver hoje é muito mais conectado e dinâmico, multitarefas, informação para todo lado, conexões diversas, demandas materiais latentes e emocionais ainda mais. Encontrar o equilíbrio entre trabalho e todo o resto, se tornou uma das maiores tarefas do ser humano contemporâneo. Se, por um lado, a tecnologia trouxe imensos avanços e comodidades, por outro, ela também ampliou os desafios para quem busca harmonizar essas duas esferas da vida. Noto que a ideia de estar disponível para o trabalho a qualquer hora do dia ou da noite se tornou uma realidade para muitas pessoas, levando a um cenário de sobrecarga e, muitas vezes, desgaste emocional.

Em conjunto com essa disponibilidade 24 horas por dia, sete dias por semana, vem um pacote profundo e confuso de sentimentos. Conectividade full time, incapacidade de dizer “não” que corrobora uma dificuldade latente em impor limites, medo da escassez, comparação com as outras pessoas, impotência e complexo de inferioridade são alguns dos reflexos mais notórios.

Quando falamos em equilibrar essas “duas vidas”, a profissional e a pessoal, uma questão que surge é justamente a definição do que realmente significa estar em equilíbrio. É relativo. Não existe uma fórmula única. Para uns, o equilíbrio pode ser ter a capacidade de desligar-se do trabalho ao final do expediente e aproveitar momentos de lazer com a família. Para outros, pode ser a flexibilidade de escolher quando e onde trabalhar, sem comprometer a produtividade ou a qualidade de vida. A verdade é que, em uma sociedade que valoriza tanto o desempenho e a produtividade, a busca incessante pelo “equilíbrio perfeito” muitas vezes se transforma em uma pressão adicional.

Deveríamos assimilar que equilíbrio não é uma linha reta e constante. Ele é flexível, adaptável e depende das circunstâncias de cada fase da vida. Pode ser que em alguns momentos da carreira a dedicação ao trabalho precise ser maior, como em períodos de grandes desafios ou de crescimento profissional. Em outros, a prioridade pode ser a saúde mental ou o tempo com a família, um bem cada vez mais raro no cotidiano acelerado de hoje. Fato é que para quase todo mundo, uma vida equilibrada é um sonho difícil de ser alcançado.

A facilidade de estar sempre conectado é uma faca de dois gumes. Ela pode nos manter ativos, informados, conectados e facilitar trabalho, comunicação, informação. Mas também diminui as fronteiras entre vida profissional e pessoal. Embaralha tudo. Nos aproxima de recortes das vidas dos outros pelas redes sociais e por vezes nos afasta de quem está ao nosso lado e das nossas próprias conexões verdadeiras. Nos permite trabalhar em outros horários, ao mesmo tempo em que a dinâmica de respostas rápidas a e-mails a qualquer hora, nos levam à sensação de que o trabalho nunca termina são comuns entre quem vive essa conectividade.

É aqui que entra a importância do autoconhecimento e da capacidade de estabelecer limites claros. Reconhecer os próprios limites é um passo essencial para alcançar o equilíbrio. Muitas vezes, é necessário aprender a dizer “não” ou a delegar tarefas, seja no trabalho ou em casa. A sobrecarga de responsabilidades, sem a devida divisão ou priorização, pode gerar uma sensação de que estamos falhando em todas as áreas da vida, o que é um equívoco.

Aprender a identificar quando estamos sobrecarregados, tanto física quanto emocionalmente, é essencial para evitar o desgaste. Quando somos capazes de nos ouvir e reconhecer que precisamos de descanso ou de um tempo para si, a probabilidade de mantermos um equilíbrio saudável aumenta consideravelmente. Isso envolve desde o descanso adequado até a prática de atividades que nos proporcionem prazer e relaxamento, como hobbies, exercício físico ou simplesmente um tempo para a solitude.

As demandas da vida moderna, com seus altos e baixos, exigem flexibilidade, planejamento e uma dose considerável de autoconhecimento. No fim das contas, o que realmente importa é saber que, no cotidiano acelerado, a saúde mental e o tempo com quem amamos são tão importantes quanto qualquer meta profissional. A busca pelo equilíbrio não é sobre alcançar um estado ideal e fixo, mas sobre conseguir fazer ajustes contínuos para que a vida siga fluindo de forma mais leve e saudável. Quem alcançar – bravo!, estará diante da concretização do sonho moderno.

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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