Meu lugar no mundo

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna às terças e quintas.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Eu amo Nova Friburgo

E não é desses amores fáceis

Da boca para fora

Porque amor de verdade

Só quem vive e vivencia a cidade 

Que sente prazer e felicidade

Mas que também sabe 

Do tanto de dificuldade

Da dor que sua história já atravessou

Da sua brava gente que pelejou

Pelos chãos das fábricas,

Pelos campos e praças

Para fazê-la sempre nova como se idealizou.


 

Que a defende sem fingir 

Que sempre está tudo bem, 

Mas trabalha para que ela seja a melhor 

Vigilante para não ser ufanista 

Mas deixa livre esse sentimento

Cada vez maior

Pois, de todos as vaidades, 

Nenhuma é mais gloriosa

Do que a de se orgulhar da sua cidade

Doar seus passos e hombridade

Seu peito e vivacidade

De fazer o presente feliz 

E o futuro promissor.


 

Que Nova Friburgo seja grande

Amada e devotada

Por amor verdadeiro de quem vive

Seu dia a dia, sua jornada 

Suas raízes, sua gente 

Sua história de vigor 

Que seja desejada

E ser justa seja o seu maior valor

Acolhedora e pioneira

De paz e de diversidade

Nova Friburgo a primeira

Entre todas- a mais bela flor.


 

Eu sei,

Quero descobrir cada dia mais, 

Para saber mais e mais sobre você 

E os tantos vocês que fazem você, 

Nova Friburgo, 

ser o meu lugar no mundo

Te amo, porque te vivo, 

E sem você, Nova Friburgo, 

Não encontro lugar para mim no mundo


São 206 anos de todos nós que fizemos e fazem Nova Friburgo! Por mais que a idade e a data de nascimento da cidade seja um tanto quanto controversa. 3 de janeiro, 16 de maio, 17 de abril? 1818, 1820? 

Em 16 de maio de 1818, D. João VI aprovou o contrato comercial com Sebastian Nicolas Gachet, a fim de estabelecer uma colônia de suíços na Fazenda do Morro Queimado, no distrito de Cantagalo. Mas foi em 3 de janeiro de 1820 que D. João VI baixou o alvará criando a Vila de Nova Friburgo, desmembrando-a, portanto, de Cantagalo. Essa dúvida da data perdurou até as celebrações dos 150 anos, quando à Câmara de Vereadores, à época, junto à prefeitura, Academia Friburguense de Letras e outras entidades se debruçaram sobre o tema. Apesar de tudo indicar o dia 3 de janeiro, com parecer até de um instituto de História, preferiu-se o 16 de maio.  

Mas a data de nascimento de Nova Friburgo é ainda mais complexa. Se em 16 de maio de 1818 foi feita a autorização da colônia suíça, se em 3 de janeiro de 1820 apareceu pela primeira vez o termo Nova Friburgo e sua condição de vila, há quem defenda que na verdade, Nova Friburgo surgiu mesmo em 17 de abril de 1820, quando ocorreu o encontro dos primeiros habitantes da vila para celebrar a sua fundação. 

Três datas possíveis, três signos diferentes para quem gosta de astrologia: Capricórnio, Áries ou Touro? Pior ainda se for fazer todo o estudo de mapa astral, com ascendente e tudo o mais. Coitados dos astrólogos. 

Qual a verdadeira personalidade de Nova Friburgo? 

Estabelecer Nova Friburgo como todos nós é um bom ponto de partida. Somos diferentes, pensamos diferente, temos condições diversas. Em tempos de extremismos, isso se torna ainda mais complexo. Mas estamos no mesmo barco, sob o mesmo céu, nem sempre de estrelas.

Convivermos para nos completarmos e contemplarmos o que construímos: a identidade que faz a cidade ter sentido de ser cidade. Mais do que isso, não começamos do zero e trazemos as marcas do passado, de todos que vieram antes de nós, com seus acertos e erros de cada época. Essas marcas, ainda que não tão evidentes, estão no nosso DNA. Entre evoluções e retrocessos - seguimos com essas tatuagens, nem sempre à vista. 

Praticamente todo friburguense, com o mínimo de sensatez, concorda que Nova Friburgo vem andando para trás nos últimos anos. Perda de protagonismo e de identidade. Negando a modernidade e se afastando cada vez mais do pioneirismo que a tanto destacou no século passado. Se não fosse a coragem de alguns entusiastas em diversos setores, a situação seria ainda pior. Está em todos os números que se for pesquisar. Quedas acentuadas em todos os medidores, de renda à educação, de qualidade na saúde a questões ambientais. O diagnóstico é perverso, mas matematicamente real e as pessoas sentem isso na pele. 

Mas é uma cidade de muitos potenciais que permitem sonhar. Quando Nova Friburgo parou de sonhar? Quando foi que deixamos de ter o brilho no olhar? Por que temos nos contentado com a mediocridade vigente, quando nosso destino sempre nos convidou à excelência?  

Portanto, revolucionar o cotidiano com simples organização e cultura de pertencimento é o primeiro passo fundamental. É preciso reacender o friburguense raiz, instigado a inovar e retomar à cidade a sua natureza inventiva e propulsora de potenciais e transformações contínuas.

Quem é que não está com saudade dessa Nova Friburgo? Eu estou, inclusive daquilo que não vivi!  

Desejo, assim, que Nova Friburgo possa recuperar sua autoestima, valorizar a sua história e se inspirar na sua caminhada. Desejo que valorizemos mais nossas instituições e personalidades. Desejo uma cidade próspera, mais igual, mais humana e acolhedora. Desejo uma cidade ambientalmente focada e que preserve o legado que Deus deu a essas terras de nobre estatura. Desejo que apostemos na educação como ferramenta de transformação. Desejo uma cidade onde as pessoas tenham facilidade para se locomover. Desejo uma cidade que as pessoas não morram por omissão e mais do que isso, uma cidade que pare de focar na doença e passe a trabalhar para que as pessoas não adoeçam. Desejo que Nova Friburgo possa ser de fato a cidade que pode ser: nova por nome e gloriosa por definição.

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