Fluminense conquista a América

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 08 de novembro de 2023

Após oito participações na maior competição da América Latina, incluindo o vice-campeonato de 2008, quando foi derrotado nos pênaltis, pela equipe da LDU, do Equador, em pleno Estádio do Maracanã, o Fluminense se torna o grande campeão em 2023. Em sua nona participação na maior e mais importante competição sul americana, com um Maracanã lotado, o tricolor das Laranjeiras finalmente conseguiu realizar seu sonho, no último sábado, 4. Data histórica, que ficará na lembrança de sua apaixonada torcida, que jamais duvidou de uma taça que faltava, na sua tão repleta sala de troféus da Rua Álvaro Chaves.

Não foi um jogo de encher os olhos, pois se de um lado o Fluminense tem uma maneira de jogar interessante e vistosa, de outro o Boca Juniors se caracterizou por jogar fechado, fazendo o tempo passar e tentando levar as decisões para os pênaltis. Além de ter bons cobradores, tem um goleiro cuja especialidade é defender penalidades. Foi com esse recurso que eliminou vários adversários, inclusive o Palmeiras nas semifinais.

Desde o primeiro tiro de meta que os azuis e amarelos de Buenos Aires ganhavam tempo, o mesmo acontecendo com a cobrança dos laterais. Fazer o tempo passar era o seu objetivo. Esqueceram de avisar a German Cano, o artilheiro das Laranjeiras, que inclusive ultrapassou o, também, ídolo Fred na artilharia da Libertadores. Eram decorridos 36 minutos do primeiro tempo quando chegou a hora de fazer o L. Em boa jogada entre Keno e Arias, o camisa 11 do Fluminense cruzou rasteiro para encontrar Cano na grande área, que, assim como já é conhecido, precisou de apenas um toque na bola para abrir o placar. A retranca estava furada o que obrigou os Xeneizes (torcedores do Boca Juniors) a arrefecerem um pouco, a euforia inicial.

Mas, a tensão não havia ainda terminado, pois a vantagem no placar resultou em duas alterações; o Boca teve de mudar sua maneira de jogar partindo para o ataque e o Fluminense recuou seu time, aceitando esse domínio adversário. Não demorou muito, com um gol de Luís Advíncula, o Boca Juniors empatou aos 27 minutos do segundo tempo. O lateral-direito, puxou para o meio e, com espaço, acertou chute de fora da área para decretar a igualdade no marcador. Diga-se de passagem, uma pedrada indefensável para o ótimo goleiro Fábio. Com esse placar o segundo tempo terminou e, após 15 minutos de intervalo, seguiu-se a prorrogação de mais dois tempos de 15 minutos.

 Foi aí que o dedo do técnico Fernando Diniz apareceu, lançando o que para mim é o segundo melhor atacante do tricolor das Laranjeiras, John Kennedy. Com velocidade e dribles ele incendiou o jogo até que aos oito minutos da prorrogação, ele acertou um chute forte de fora da área e correu até a arquibancada para comemorar o gol nos braços da torcida, mas recebeu o segundo cartão amarelo e terminou expulso. Isso porque na comemoração dos gols, mesmo se o tento for anulado, os jogadores podem ser punidos em quatro ocasiões: subir nos equipamentos de proteção do campo e/ou se aproximar dos torcedores de modo a causar falhas de segurança ou ferir os princípios de segurança; fazer gestos ou ações provocativas, debochadas ou inflamatórias; cobrir a cabeça ou o rosto com máscara ou outro artigo similar; tirar a camisa ou cobrir a cabeça com a camisa.

Num gesto de imaturidade e pura emoção pelo momento vivido, e, talvez por desconhecimento das regras, John Kennedy foi expulso e deixou o seu time com dez jogadores. No entanto, os deuses ontem eram tricolores e pouco depois, numa confusão perto da área do Fluminense, Frank Fabra deu, também infantilmente, um tapa no rosto de Nino sendo expulso pelo fraco juiz chileno, após consulta ao VAR.

Restabelecida a igualdade numérica de dez contra dez, o futuro campeão se impôs e ainda perdeu um gol feito que bateu na trave. Não demorou muito e o árbitro encerrou a partida, consagrando o Fluminense como legítimo campeão da Libertadores das Américas, versão 2023.

A lamentar a conhecida incivilidade dos argentinos que provocou brigas e correrias nas areias da praia de Copacabana. Aliás, a torcida do Boca é conhecida pela sua agressividade; comprovei isso no aeroporto de Ezeiza, quando estava voltando da Argentina em final de outubro e o time do B. Juniors embarcava para São Paulo, onde eliminaria o Palmeiras, nos pênaltis. Causaram um verdadeiro tumulto no saguão.
Parabéns ao tricolor e mesmo não sendo torcedor do Fluminense termino minha coluna desta semana com o início do seu hino: “Sou tricolor de coração, sou do time tantas vezes campeão, fascina pela sua disciplina, o Fluminense me domina, eu tenho amor ao tricolor....”, escrito pelo genial Lamartine Babo.

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