Botafogo é campeão da América

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 04 de dezembro de 2024

“Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910

Foste herói em cada jogo, Botafogo

Por isso que tu és

E hás de ser nosso imenso prazer

Tradições aos milhões tens também

Tu és o Glorioso não podes perder, perder para ninguém

Noutros esportes tua fibra está presente

Honrando as cores do Brasil de nossa gente

Na estrada dos louros, um facho de luz

Tua estrela solitária te conduz.”

 

Com o hino do Glorioso homenageio jogadores, comissão técnica e a imensa torcida do Botafogo pela conquista com C maiúsculo, da Taça Libertadores da América, no último sábado, 30 de novembro, no estádio Monumental, em Buenos Aires. Um jogo que ganhou características dramáticas, pois aos 29 segundos do primeiro tempo, o volante Gregore do alvinegro do Rio de Janeiro foi expulso, após entrada violenta no jogador Fausto Vera, do Atlético Mineiro.

Vamos e venhamos só um time muito motivado, consciente da sua força e com espírito de campeão consegue superar esse acidente de percurso e voltar para o jogo, sabendo que ainda teria pela frente mais de 89 minutos, com um jogador a menos. Aqui ficou evidente a inteligência e sagacidade do técnico Artur Jorge, que demonstrando pulso e conhecimento de seus jogadores, fez um pequeno ajuste no time, sem substituir ninguém e se manteve na disputa pelo título.

Com um a mais, como era de se esperar o Atlético partiu para cima, abandonando sua estratégia inicial de que era jogar no contra-ataque. Viu-se como protagonista, pois ao Fogão não restava outra alternativa senão aquela de cercar o adversário e explorar a velocidade de seus atacantes. Foi o que aconteceu aos 35 minutos de jogo, quando Luís Henrique, pelo lado esquerdo do campo, pegou um rebote e, de primeira, marcou o primeiro gol do Botafogo. Cinco minutos depois, esse mesmo Luís Henrique sofreu um pênalti e Alex Telles marcou o segundo do Fogão.

Claro que o jogo não estava decidido, ainda mais que com menos um em campo, o desgaste é muito maior. Não demorou muito, aos 3 minutos de reiniciado o jogo, Vargas diminui para o Atlético escrevendo 2 a 1 no placar. Passou a ser um jogo de defesa contra-ataque, em que o tempo de posse de bola do Atlético em relação ao Botafogo foi de 78% a 22%. Mesmo assim, o alvinegro do Rio de Janeiro se manteve na partida, com jogadas esporádicas perigosas em direção ao gol atleticano, até que no último minuto da prorrogação, numa jogada que lembrou as de Ronaldo Fenômeno, Júnior Santos marcou o terceiro gol, sacramentando um título justo e merecido. É a primeira vez, que na história da Libertadores, um time que joga o chamado pré-torneio  consegue levantar a taça de campeão.

Um destaque importante foi a presença das duas torcidas, que deram um espetáculo de civilidade, confraternização e educação pouco visto antes, durante e após um jogo de futebol. Nada de brigas, confusões, somente as gozações irreverentes que o futebol pode proporcionar. Parabéns à torcida do Botafogo que colocou 50 mil pessoas no estádio, num esforço hercúleo, com o dólar pela hora da morte, para prestigiar o time de coração e poder gritar ao final “é campeão, é campeão”. A presença na capital da Argentina não saiu por menos de R$ 7 mil por pessoa.

Quando o jogo acabou, esperando as festividades de entrega das medalhas e da taça de campeão, deu para notar que quase metade da capacidade do estádio foi ocupada pelos torcedores do Botafogo e olha que o Monumental comporta 85 mil lugares, sendo o maior estádio da América do Sul.

O Botafogo está de parabéns ao conquistar seu primeiro título internacional de peso, já que o da Conmebol de 1993, atual copa Sul Americana, é um torneio menos marcante. Hoje o torcedor botafoguense tem certeza de que torce para um grande time, com jogadores de primeira linha comandado por um técnico inteligente e audacioso. Talvez, um mais cauteloso optaria em jogar pelo empate e levar a disputa para os pênaltis.

No último fim de semana foi possível ver três gerações juntas: um pai que dependendo da idade conheceu os grandes times do Botafogo no passado; um filho que no máximo comemorou títulos pouco expressivos do campeonato do Rio de Janeiro e um neto que já festeja um título internacional. Isso é sensacional.

Resta agora o Brasileirão 2024, em que bastam quatro pontos, se o Palmeiras não perder mais nenhum, para que o Botafogo feche o ano com dois títulos importantes. Como diz o final de nosso hino: “Tua estrela solitária te conduz”.

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