Três décadas de uma nova esperança: o real, seus resultados e desafios

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 05 de julho de 2024

            São três décadas. Trinta anos de história recém completados. Estou falando do real, a nossa moeda, que entrou em circulação no dia 1º de julho de 1994 e se mostrou como a solução para a hiperinflação vivida na época. Durante os primeiros mandatos do Governo Federal na Nova República, o controle monetário era o principal desafio das equipes econômicas, quatro tentativas fracassadas ao longo do governo de José Sarney (1985 – 1990) e outras duas durante o período de Fernando Collor na presidência (1990 – 1992). Em seguida, já no mandato de Itamar Franco, o país atingia seus níveis recordes de inflação; alcançando, em taxa anualizada, quase 2.500%. O momento econômico antes do Plano Real era difícil e o Brasil chegou a ter quatro moedas diferentes em um breve período de oito anos.

            No mês de julho, portanto, comemora-se o símbolo de sucesso do Plano Real sob responsabilidade da equipe econômica composta por Fernando Henrique Cardoso, como ministro da Fazenda; Pedro Malan, então presidente do Banco Central; André Lara Resende e Persio Arida, idealizadores do “projeto Larida”; Edmar Bacha; e Gustavo Franco. Assim, o real tornou-se a moeda mais duradoura da economia brasileira desde 1942, quando começava a circular o cruzeiro.

            Mas após tanto tempo, como anda o nosso poder de compra? Estamos bem servidos com nossa moeda? E frente a outros países, como se comporta o real?

            Para responder a estas perguntas, vamos voltar no tempo mais uma vez. Em julho de 1994, quando o primeiro salário-mínimo era pago em reais, seu valor era de R$ 64,79. Sim, pouco mais de R$ 60 para viver um mês inteiro. Atualmente, é inimaginável, pois, apesar de controlada, a inflação corroeu muito o valor do dinheiro ao longo destas três décadas. Contudo, mais do que o comparativo simples de números, para confrontarmos verdadeiramente esses valores é necessário medir de alguma forma o poder de compra. Naquela época, a cesta básica no Estado do Rio de Janeiro, segundo o Dieese, custava R$ 66,22 e isso representa 102,2% do salário da época – algo alarmante para a segurança da população. Passados todos esses anos, nos deparamos com um salário-mínimo em R$ 1.412 e a cesta básica no RJ em R$ 796,67, representando 56,4% do salário atual. Percebe-se, então, que o poder de compra da população, apesar da inflação e depreciação internacional, vem aumentando.

            Outro ponto curioso para analisarmos é a evolução de aplicações financeiras e correções monetárias quando confrontados os dados de 1994 a 2024.

            A cada R$ 100 em 1994, hoje seriam:

            - R$ 8.335 quando corrigido pela Selic;

            - R$ 1.810 quando corrigido pela Poupança Velha;

            - R$ 808,02 quando corrigido pelo IPCA.

A propósito, vale ressaltar a observação, percebe como bons investimentos são importantes e podem apresentar excelentes resultados no longo prazo?

Estamos, enfim, em 2024, há 30 anos depois da criação do que deveria ser motivo de orgulho e ainda cheios de desafios pela frente, mas com a certeza de que o Plano Real e a nossa atual moeda serviram – e ainda servem – de base para uma economia estável (considerando, é claro, estabilidade diante da realidade de países emergentes) e para o que se pode construir a partir daqui.

Que venham as próximas décadas!

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