Como proteger meu poder de compra?

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

            Esta semana recebi o ilustre convite de Lucas Barros, também colunista de A VOZ DA SERRA, que assina “Além das Montanhas” às quintas-feiras, para contribuir com seu texto sobre inflação; um tema delicado e demasiado importante quando o assunto é saúde financeira. Ter o seu poder de compra corroído ao longo do tempo é um grande problema social que só interessa governos – e enquanto forem detentores da capacidade de inflacionar uma economia, o desrespeito à população existirá. Mas não vamos – pelo menos não hoje – entrar no mérito de como os bancos centrais executam estas atividades e precisamos focar em como proteger seu patrimônio no momento mais atípico desde o Plano Real.

            Aos mais velhos, o antigo overnight diz muita coisa sobre proteção de poder de compra durante as décadas de 80-90. À época, superar a inflação era dobrar seu capital em poucas semanas – realidade inimaginável nos dias de hoje (o que, de fato, não reduz o impacto social vivido nos dias atuais). Portanto, como alocar seu capital neste momento?

            Primeiro, vamos analisar as taxas de mercado e preços para entender a conjuntura. O mês de setembro deste ano fechou com IPCA de 1,16% e CDI de 0,44%, o que representa a necessidade de remuneração acima de 163% CDI (já limpos de imposto de renda) apenas para manter o seu poder de compra. Sabe qual foi a rentabilidade da caderneta de poupança para o mesmo mês? Apenas 0,3% (70% CDI).

            Mas como superar o IPCA? Existem algumas possibilidades e as mais seguras estão na renda fixa com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – que assegura o capital do investidor em até R$1 milhão por CPF. Os CDB, LCI e LCA, entre muitos outros, são exemplos de títulos de investimentos categorizados dentro desta classe de ativos e podem ser uma ótima alternativa para seus investimentos.

            Definidos os títulos, é hora de analisar a liquidez dos investimentos; o prazo de vencimento. Como o risco de crédito é anulado pelo FGC, podemos considerar a liquidez como o único risco dos investimentos em renda fixa e este é um ponto a ser analisado com cautela, pois o capital alocado só pode ser resgatado com a devida rentabilidade após a data de vencimento do título. Isso pode custar caro para investidores despreparados e sem planejamento, mas é uma ótima opção para quem sabe o que está fazendo.

            Por fim – e muito longe de ser menos importante –, é hora de garimpar boas rentabilidades. A classe em questão pode ofertar três tipos de rentabilidade: pré-fixado, pós-fixado e híbridos. Vamos a eles:

Pré-fixados: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa anual nominal (por exemplo: 8,55% a.a.).

Pós-fixados: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa indexada a juros (por exemplo: 148% do CDI).

Híbridos: a remuneração é definida no momento da contratação através de uma taxa indexada a inflação mais uma taxa anual nominal (por exemplo: IPCA + 4,20% a.a.).

            Contudo, caso o seu objetivo seja superar a inflação sem fazer muitas contas, os títulos híbridos atrelados ao IPCA são a melhor alternativa para a distribuição da sua carteira e para a saúde do seu dinheiro. Por ora, busque um profissional capacitado para te auxiliar com todo o procedimento e mantenha-se antenado a todo tipo de informação financeira que possa acrescentar sabedoria e conhecimento ao seu dinheiro. A propósito, recomendo fortemente a leitura do último texto de Lucas Barros disponível no site do jornal: “A maior inflação dos últimos 27 anos e o Brasil no Mapa da Fome”. Boa leitura!

Gabriel Alves é consultor financeiro. Escreve às sextas-feiras.

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