Seja feita a tua vontade

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

segunda-feira, 07 de novembro de 2022

A dinâmica da revelação divina está ancorada na bondade e sabedoria de Deus que quis tornar conhecido à humanidade os planos de sua vontade. Em Cristo, Ele revela o mais profundo do seu querer: “que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4). Contudo, nem sempre é fácil entender os caminhos que conduzirão à plena realização da vontade divina.

Jesus, ao ensinar a seus discípulos como rezar, inclui, entre as sete preces do ‘Pai nosso’, o desejo que a vontade do Pai se realize tanto no céu, quanto na terra. E aqui está a “revolução copernicana” do cristianismo, isto é, a mudança de direção na compreensão da eficácia da oração.

O ato de dirigir a Deus os nossos pedidos é fruto de uma confiança certa naquele que pode fazer o impossível. Ainda assim, essa certa confiança é, por vezes, provada na tribulação de não se ver o resultado de nosso pedido concretizado, levando-nos a crer que não fomos ouvidos.

O Papa Francisco ensina que “as provações da vida se transformam em ocasiões para crescer na fé e na caridade. O caminho diário, incluindo as dificuldades, adquire a perspectiva de uma ‘vocação’. A oração tem o poder de transformar em bem o que de outra forma seria uma condenação na vida; a oração tem o poder de abrir um grande horizonte para a mente e de alargar o coração” (Audiência geral, 04 nov. 2020).

A oração fiel e confiante não tem a intenção de mudar o coração de Deus à nossa mera vontade, mas o seu primeiro fruto é a transformação do coração que reza. O Pontífice ressalta que o “seja feita a vossa vontade” não é realizado no dobrar a cabeça servilmente, como se fôssemos escravos. Deus reserva e preserva ao homem a liberdade.

O “Pai Nosso”, de fato, é a oração dos filhos, não dos escravos; mas dos filhos que conhecem o coração do seu pai e estão certos do seu desígnio de amor. Ai de nós se, pronunciando essas palavras, levantássemos os ombros em sinal de rendição diante de um destino que não podemos mudar. Ao contrário, é uma oração cheia de confiança ardente em Deus, que quer para nós o bem, a vida, a salvação. Uma oração corajosa, também combativa, porque no mundo há tantas realidades que não são segundo o plano de Deus. Todos as conhecemos” (Audiência geral, 20 mar. 2019).

E continua: “O “Pai Nosso” é uma oração que acende em nós o mesmo amor de Jesus pela vontade do Pai, uma chama que leva a transformar o mundo com o amor. O cristão não acredita em um “fato” inelutável. Não há nada de aleatório na fé dos cristãos: há, em vez disso, uma salvação que espera manifestar-se na vida de cada homem e mulher e de realizar-se na eternidade. Se rezamos é porque acreditamos que Deus pode e quer transformar a realidade vencendo o mal com o bem. A este Deus tem sentido obedecer e abandonar-se também na hora da prova mais difícil (idem).

Assim, o ato de confiar a Deus os desejos de nossa alma é também um exercício de fé que nos conduz na certeza de que Ele nos dará, no tempo certo, o que é justo e necessário para que a vontade suprema de Deus se realize em nós!

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação

Publicidade
TAGS:

A Voz da Diocese

a voz da diocese

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.