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As roupas fazem as pessoas
A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
Existe um conto antigo que narra a história de um alfaiate desempregado e faminto que vagava sem destino e cuja única posse eram suas roupas, distintas e elegantes, feitas por ele mesmo. Por usar roupas bem-acabadas e por ser um jovem esguio e belo, é confundido com um conde, se hospeda na cidade, onde inadvertidamente caiu nas graças de seus habitantes e acabou se casando com uma bela donzela.
A história, apesar de se passar na sociedade europeia do século XIX, ainda pode ser encarada como uma crítica direta ao modo que estamos conduzindo nossas relações interpessoais e, assim, construindo uma realidade enganadora.
O filósofo britânico-americano Alan Watts afirma que a humanidade está caminhando em vias de uma sociedade de aparências:
“Compramos produtos projetados para apresentar uma fachada em detrimento de seu conteúdo: frutas enormes e sem gosto, pão que é pouco mais que uma espuma leve, vinho adulterado com produtos químicos e vegetais cujo sabor é devido às misturas secas dos tubos de ensaio que eles os dotam de uma celulose muito mais impressionante”.
Infelizmente, esta estrutura de pensamento pode ser identificada há muito tempo. Desde a época de Jesus percebe-se que a aparência usurpa o lugar da essência. Ao confrontar a sociedade de seu tempo, Cristo denuncia:
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e de intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23, 25-28).
Estes esquemas mundanos que fazem apodrecer o coração da humanidade tornam-se como pequenos ídolos. Prestamos culto e idolatramos o poder, a aparência e a superioridade, escravizando e nos deixando escravizar por eles. O Papa Francisco em sua conta do Twitter adverte:
“A cultura da aparência, que nos leva a viver para as coisas que passam, é um grande engano. Porque é como uma chama: uma vez terminada, restam apenas as cinzas” (26 mar. 2019).
É preciso romper com este modo doentio de encarar a vida. Muitas pessoas estão adoecidas na busca desenfreada pela aparência. Algumas são capazes de mutilar seu próprio corpo, outras criam um mundo paralelo virtual minando sua própria essência e felicidade.
Assim, cultivemos a sinceridade em nossas relações, em nossos projetos de futuro. No exercício de nos colocar diariamente sob o olhar de Deus vamos enxergar quem somos, sem adereços, sem predicados. A felicidade está no encontro real com nós mesmos, sem maquiagem, sem disfarce. Aceitando nossas limitações e defeitos, buscando a superação não para agradar, mas para ser para si, diante de Deus, uma pessoa melhor.
Padre Aurecir Martins de Melo Junior
Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação
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