Que todos sejam um (Jo 17, 21)

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Jesus na conhecida Oração Sacerdotal (cf. Jo 17), clama ao Pai pela unidade. “Que todos sejam um como eu e tu somos um” (Jo 17, 21). Estas palavras vêm adquirindo cada vez mais significado em nossas vidas. Infectada pelo vírus do individualismo, a humanidade tem sofrido as consequências da polarização que enfraquece os laços de amor e respeito.

Olhemos para o acontecimento de Pentecostes, celebrado pela Igreja Católica no último domingo, 23. Um grupo de 11 homens de culturas e educação diferentes, com ideias políticas diversas e visões de mundo opostas, reunidos num mesmo lugar. Ao receberem o espírito da verdade aprenderam a dar o primado, não a seus modos de vista humanos, mas ao bem comum. O que podemos comprovar pelos testemunhos dos primeiros séculos: “Os cristãos tinham tudo em comum” (At 2,44).

O Papa Francisco, na Solenidade de Pentecostes, advertiu à Igreja em sua missão de ser testemunha da unidade. “Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; O paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades” (Homilia, 23 mai. 2021).

A vivência de uma pandemia deveria despertar em todos nós o sentimento de unidade e corresponsabilidade. Mas, infelizmente, o que vemos é o aguçamento das ideologias e divisões geradas por elas. Na vazia luta de afirmar o próprio modo de pensar, os grupos ideológicos, absortos, são incapazes de perceberem o mal que fazem a si e à humanidade.

Ao contrário do acontecimento de Pentecostes, no qual homens de diferentes etnias ouviam os apóstolos falarem cada qual em sua própria língua, hoje o cenário se parece mais com o episódio da torre de Babel (Gn 11, 1-9). Cada partido, ávido de poder, é incapaz de dar ouvido à razão. Neste cenário turbulento, se faz necessário e urgente o surgimento de homens e mulheres de bem, que independentemente de sua crença, etnia e posicionamento político deem voz ao bom senso e sejam consolo em tempos de angústia.

“É preciso aprender a aceitar o outro na sua forma de ser e pensar de modo diverso. Para isso, é necessário fazer da responsabilidade comum pela justiça e a paz o critério basilar do diálogo. Um diálogo, onde se trate de paz e de justiça indo mais além do que é simplesmente pragmático, torna-se por si mesmo uma luta ética sobre a verdade e sobre o ser humano; um diálogo sobre os valores que são pressupostos em tudo. Assim o diálogo, ao princípio meramente prático, torna-se também uma luta pelo justo modo de ser pessoa humana. Embora as escolhas básicas não estejam enquanto tais em discussão, os esforços à volta de uma questão concreta tornam-se um percurso no qual ambas as partes podem encontrar purificação e enriquecimento através da escuta do outro. Assim estes esforços podem ter o significado também de passos comuns rumo à única verdade, sem que as escolhas básicas sejam alteradas. Se ambas as partes se movem a partir de uma hermenêutica de justiça e de paz, a diferença básica não desaparecerá, mas crescerá uma proximidade mais profunda entre eles” (Papa emérito Bento XVI, 21 dez. 2012).

É neste sentido que o Papa Francisco diz que nossa missão é sermos paráclitos, isto é, consoladores. “E como podemos fazer isso? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade” (23 mai. 2021).

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