Pão em todas as mesas

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 21 de junho de 2022

Estamos vivenciando o florescer do século 21, uma era marcada pelo desenvolvimento tecnológico e avanço da informação, na qual as relações interpessoais são cada vez mais complexas. Entretanto, ainda vivemos a realidade de milhões de indivíduos atingidos pelos flagelos da fome e da subnutrição ou pelas consequências da insegurança alimentar.

A multidão de famintos, constituída por crianças, mulheres, idosos, imigrantes, fugitivos e desempregados, permanece à margem desta evolução. Mesmo com toda a proximidade proporcionada pelas redes sociais, a humanidade parece cada vez mais distante do sentimento de responsabilidade, partilha e comprometimento.

O mundo inteiro vive um agravamento escandaloso das desigualdades sociais, com a difusão consequente de uma cultura que valoriza a competição e o individualismo. Portanto, embora no meio do povo sempre possamos descobrir belos exemplos de solidariedade fraterna, a sociedade, por seus segmentos dominantes, insensível à comunhão, caminha na direção oposta à da partilha do pão para todas as mesas.

Em 1979, o Papa João Paulo II afirmou que a amplitude do fenômeno da fome e da miséria colocava em questão as estruturas e os mecanismos financeiros, monetários, produtivos e comerciais, que, apoiando-se em diversas pressões políticas, regiam a economia mundial. E denunciou: que estas estruturas existentes “demonstram-se como que incapazes quer para reabsorver as situações sociais injustas, herdadas do passado, quer para fazer face aos desafios urgentes e às exigências éticas do presente. Submetendo o homem às tensões por ele mesmo criadas, dilapidando, com um ritmo acelerado, os recursos materiais e energéticos e comprometendo o ambiente geofísico, tais estruturas dão ensejo a que se estendam incessantemente as zonas de miséria e, junto com esta, a angústia, a frustração e a amargura” (Carta Encíclica Redemptor hominis, n. 16).

Avançar no caminho da indispensável transformação das estruturas da vida econômica requer uma verdadeira conversão das mentes, das vontades e dos corações. Esta mudança cultural exige a aplicação decidida de todos os homens e mulheres livres e solidários.

A fé da Igreja na Eucaristia, atenta ao mandato do Senhor: “fazeis isto para celebrar a minha memória”, ensina que o pão partilhado é a solução para o mundo. Somos chamados a entender que o ‘Pão da Vida’ move a Igreja a sair de si, das zonas de conforto, para alcançar as periferias existenciais.

O compromisso social da partilha, como proposta de vida, é da natureza mesma da Eucaristia. Se procurarmos ligar a fé com a vida concreta, temos de nos preocupar com que nossas celebrações eucarísticas se tornem atos de partilha e anúncio de uma comunhão que pode ser um modo novo da sociedade humana se organizar” (Texto-base XVIII Congresso Eucarístico Nacional).

Assim, com a força que emana da Eucaristia possamos chegar aonde chegaram os primeiros cristãos que “repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles”.

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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