Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Todos os anos na celebração do Domingo da Ascensão do Senhor a Igreja dedica-se a refletir e dar destaque à importância das comunicações sociais para o sadio desenvolvimento social, bem como para a evangelização. Em 2021, a data será celebrada no próximo domingo, 16. Achamos por bem trazer nesta coluna um recorte da mensagem do Papa Francisco para este ano, na qual ele agradece à coragem dos jornalistas em dar voz à verdade dos fatos.

Para poder contar a verdade da vida que se faz história, é necessário sair da presunção cômoda do “já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspectos. Este ano, desejo dedicar a mensagem à chamada a “ir e ver”, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação de um jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social.

Pensemos no grande tema da informação. Há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco de um nivelamento em “jornais fotocópia” ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os gêneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca de uma informação pré-fabricada, autorreferencial, que cada vez menos consegue confrontar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individuar os fenômenos sociais mais graves nem as energias positivas que se libertam da base da sociedade. (...)

Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar. O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais, se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade.

Numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a “ir e ver”. Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico, de manter uma “dupla contabilidade”. Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. (...) Mas, também no mundo dos mais afortunados, permanece oculto em grande parte o drama social das famílias decaídas rapidamente na pobreza: causam impressão, mas sem merecer grande espaço nas notícias, as pessoas que, vencendo a vergonha, fazem a fila à porta dos centros da Cáritas para receber uma ração de víveres.

A rede, com as suas inumeráveis expressões sociais, pode multiplicar a capacidade de relato e partilha: muitos mais olhos abertos sobre o mundo, um fluxo contínuo de imagens e testemunhos. (...), entretanto foram-se tornando evidentes, para todos, os riscos de uma comunicação social não verificável. (...) Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar.

Na comunicação, nada pode jamais substituir, de todo, o ver pessoalmente. Algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as. Na verdade, não se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos. O intenso fascínio de Jesus sobre quem o encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-no falar. A palavra só é eficaz, se se «vê», se te envolve numa experiência, num diálogo. Por esta razão, o “vem e verás” era, e continua, a ser essencial.

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