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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
Nesta semana, fomos surpreendidos com a atordoante notícia de que faltava oxigênio no pulmão do mundo, ocasionando a morte coletiva de manauaras por asfixia. Parece absurdo, mas é a triste realidade que estamos enfrentando no país. A falta de uma das principais armas na luta para salvar vidas vítimas da Covid-19.
Ao mesmo tempo, como um hálito de esperança, testemunhamos a aprovação, por unanimidade, do uso emergencial de vacinas contra a enfermidade que tem assolado o mundo. Contudo, não podemos nos enganar de que a luta se encerrou. Ouvimos o diretor geral da Anvisa, a Agência de Vigilância Sanitária, Antônio Barra Torres, dizer que “o inimigo é um só. A nossa chance, a nossa melhor chance nesta guerra passa, obrigatoriamente, por uma mudança de comportamento social, sem a qual, mesmo com vacinas, a vitória não será alcançada” (17 jan. 2021).
O enfrentamento da crise deve ser assumido por todos, principalmente no que se diz respeito ao cuidado pessoal e à adoção de medidas preventivas simples, mas que podem salvar inúmeras vidas. Mais uma vez se faz necessário falar da indiferença que aflige a humanidade. Bombardeados todos os dias com inúmeras estatísticas, nos esquecemos que aqueles números são na verdade pessoas, irmãos que sofrem as consequências da falta de empatia e corresponsabilidade.
O santo padre, em entrevista para o programa Tg5 da rede de televisão italiana, advertiu que “a indiferença nos mata, porque nos afasta. Ao invés, a palavra-chave para pensar as saídas da crise é a palavra ‘proximidade’. Se não há unidade, proximidade, podem-se criar tensões sociais mesmo dentro dos estados” (10 jan. 2021).
Refletindo sobre as organizações sociais, seja na Igreja, seja na vida política, o pontífice exorta, que toda a classe governamental não tem o direito de dizer ‘eu’, mas deve sempre dizer ‘nós’ e trabalhar pela unidade diante da crise. E conclui afirmando que “um político, um pastor, um cristão, um católico, também um bispo, um sacerdote, que não tem a capacidade de dizer ‘nós’ ao invés de ‘eu’, não está à altura da situação” (idem).
Enquanto olharmos para a situação atual do país e do mundo apenas pelas estatísticas, não abriremos espaço para a compaixão. Pois compadecer-se é sofrer com. É assumir a dor do outro como própria. É sentir-se responsável. É mover-se a fazer algo para evitá-la ou ao menos amenizá-la.
Atualmente, vivenciamos alguns embates ideológicos que dificultam, ainda mais, o enfrentamento da crise. Motivados por descrenças, alguns grupos intensificam a discussão de que a vacinação, neste momento, não é uma alternativa viável. Outros, ainda, aproveitam deste evento para uma promoção pessoal e partidária, não se importando com o bem-estar social e a dignidade humana.
A este respeito, Francisco ajuizou: “Eu creio que eticamente todos devem tomar a vacina. Não é uma opção, é uma ação ética. Porque está em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a vida dos outros”. Alcançados pelas palavras do apóstolo, lembremos que somos um só corpo e que, por isso, somos responsáveis uns pelos outros (cf. Rm 12, 5). Assim sendo, não é só sobre você, é também sobre o outro e, da mesma forma, não é só sobre o outro é também sobre você.
Padre Aurecir Martins de Melo Junior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.
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