Maria na história da nossa salvação

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terça-feira, 24 de maio de 2022

Primeira parte

A Diocese de Nova Friburgo iniciou em 29 de abril as celebrações do Mês Mariano Diocesano, tempo no qual recordamos os 60 anos da consagração desta diocese à Imaculada Conceição, sua padroeira. Para iluminar a vivência deste tempo de graça, utilizaremos este espaço nesta e na próxima semana para refletir sobre Maria na história da salvação, com a apresentação deste artigo em duas partes.

O Plano eterno de Deus de revelar a Sua glória na intimidade paternal com o homem, criado à Sua imagem e semelhança, ganhou uma dimensão redentora a partir de Gn 3,15 - o proto-evangelho, a primeira boa nova, a promessa da redenção através da descendência da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, contra o pecado original da primeira humanidade: Adão e Eva. A descendência da mulher é o Verbo encarnado, o Filho de Deus, nascido de mulher, na plenitude dos tempos (Gl 4,4), o Messias Salvador. Assim se cumpre em Maria, a jovem de Nazaré, este luminoso anúncio da restauração de toda a humanidade através da encarnação do Redentor. Ele é verdadeiramente humano, nascido da nossa natureza, herdada da Virgem fiel, discípula da Palavra.

Como anunciavam as profecias do Antigo Testamento: "Uma virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado Emanuel" (Is 7,14;  cf  Mq 5,2-3). Ela é a escolhida dentre os humildes e pobres do Senhor, a excelsa Filha de Sião que recebe a concretização desta graça, objeto de uma longa espera do povo sofrido. A virgindade é um grande sinal de que o nascimento também é um evento divino e não do plano do homem, de que acontece a entrada do Verbo na natureza e no horizonte da convivência da família humana, no diálogo direto salvífico com os homens.

No anúncio do anjo à Maria (Lc 1,28) - "Ave, plena de graça!", há a sublimidade da delicadeza de Deus, falando ao íntimo da jovem de fé, sobre Seu chamado para a realização desta grande missão que já era conhecida pelos discípulos da Aliança de Israel e esperada em sua concretização a partir de uma "almah" (donzela, virgem) de Israel. Só não sabia Maria que seria ela. Esta foi a grande surpresa, acompanhada de um compreensível temor diante do grande mistério que se comunicava a ela: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante do Senhor. Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus." "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra".

Deus escolhe, chama, mas dá a segurança de Sua proximidade: "O Senhor é contigo" (Deus conosco, Emanuel). Ao mesmo tempo capacita, fortalece, cobre com a sua sombra protetora e geradora, fecundadora. Esta Sua presença entre nós, em nós, é a nossa salvação (Jesus, Yeshua, Deus salva). Maria é toda plasmada pelo Espírito Santo desde a sua concepção, imaculada, plena da graça do Senhor, preparada pelo Amor divino para ser a Grande Mãe do Seu Filho Jesus. Faltava dela a resposta livre, própria da cooperação da natureza humana ao plano do Criador, que teoricamente sempre pode ser "não”. Mas na docilidade discipular do coração da adolescente fiel à Palavra de Deus, na forte experiência religiosa da Aliança da Lei, no conhecimento da promessa esperada por todo Israel, mergulhada num profundo amor ao Senhor, na iluminação e unção especial da sua eleição, da benção da plenitude da graça (kecharitomene), sua expressão de mulher forte e pura firmou o mais belo itinerário de fé para todos os seguidores da Divina Providência: "Eu sou a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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