A lei do amor

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Ao longo dos relatos evangélicos encontramos Jesus combatendo o modo egoísta e vazio com o qual os fariseus e mestres da lei interpretavam a Palavra de Deus. Por diversas vezes, o Senhor os repreende por suas atitudes e ensinamentos.

Talvez a mais evidente dessas correções esteja descrita na cena da pecadora apresentada a Jesus para que fosse apedrejada. O proceder de Jesus, longe de amenizar o pecado, evidencia o valor da vida daquela mulher (cf. Jo 8,1-11).

A verdadeira intenção daqueles homens era colocar Jesus à prova, fazendo-o escolher entre a misericórdia e a justiça. Deste modo, conseguiriam acusá-lo de prevaricador, inimigo da lei de Moisés e, portanto, inimigo de Deus. Em momento algum olharam para a mulher. Ela era apenas um instrumento para matarem aquele que era aclamado como o Messias.

A resposta de Jesus, além de convidar-nos a saltar da lei, que é meramente executada para a interiorização, nos convoca à responsabilidade que todos temos no processo de conversão pessoal e social.

Ao intimar os que não tinham pecado para executarem a sentença proclamada pela multidão, o Mestre comprova que o discurso frio da lei estava mascarado pela hipocrisia. “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (Jo 8,7). Revela também a hipocrisia que rege nosso egoísmo e orgulho. Quantas vezes apontamos o dedo, discriminamos ou julgamos quem poderá se salvar ou não? Por que deixamos de olhar o irmão e passamos a olhar somente para a sua miséria? Por que apontamos o dedo, ao invés de estender nossa mão?

O Papa Francisco nos adverte para este triste vício que macula o coração da humanidade.  “O diabo se mostra forte com os hipócritas, usa-os para destruir, destruir as pessoas, destruir a sociedade, destruir a Igreja. A força do diabo é a hipocrisia, porque ele é mentiroso: mostra-se como príncipe poderoso, belíssimo, e por trás é um assassino” (Homilia, 20 set. 2018).

Em outra oportunidade o Pontífice explica o que é a hipocrisia e qual sua consequência. “O hipócrita é uma pessoa que finge, lisonjeia e engana porque vive com uma máscara no rosto, e não tem a coragem de enfrentar a verdade. Por isso, não é capaz de amar verdadeiramente: limita-se a viver pelo egoísmo e não tem a força para mostrar o seu coração com transparência” (Audiência geral, 25 ago. 2021).

É preciso lutarmos contra esta corrente. É escandaloso a um cristão se utilizar da Palavra de Deus para oprimir e condenar um irmão. Fujamos da “hipocrisia dos ‘justos’, dos ‘puros’, daqueles que se creem salvos pelos próprios méritos externos” (20 set. 2018). Fujamos da tentação de esconder a podridão do nosso coração pelas belezas e perfeições externas.

Construamos um mundo pautado na verdade e no amor, como nos ensina o Salvador.

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. 

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