Comunicar a identidade e a missão do cristão fiel leigo II

A Voz da Diocese

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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Na mesma linha do ensinamento do Concílio Vaticano II e dos papas, colaboram para um aprofundamento da visão da missão inculturada e transformadora dos cristãos fieis leigos, os documentos do Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (Celam), especialmente os textos das Conferências de Medellin, Puebla, Santo Domingo e Aparecida. Também muito rica e iluminadora a série de documentos da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nas várias décadas após o Concílio Vaticano II, para a compreensão da conjuntura brasileira, o chão concreto, com todos os seus problemas e qualidades, onde o cristão leigo e leiga deve evangelizar para a libertação integral, a salvação, o resgate da dignidade "do homem todo e de todos os homens " como dizia São Paulo VI, afirmando que não há verdadeira evangelização que não seja promoção humana. E, neste sentido, enfatiza S. João Paulo II, na sua primeira encíclica, Redemptor Hominis : "O Homem é a via da Igreja".

Assim, para que possam responder à sua vocação, os fiéis leigos devem olhar para as atividades da vida cotidiana como uma ocasião de união com Deus e de cumprimento de sua vontade, e também como serviço aos demais homens, levando-os à comunhão com Deus em Cristo ( cf Apostolicam Actuositatem, 4).  São eles "verdadeiros sujeitos eclesiais" (Documento de Aparecida, 497a / Documento 105 da CNBB). Unidos e em comunhão com os ministros ordenados (bispos, presbíteros e diáconos), anunciam e testemunham Jesus, sendo homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e mulheres e homens do mundo no coração da Igreja (cf Celam, Documento de Puebla, 786; Documento de Aparecida, 209). "Como consequência do batismo, os fiéis estão inseridos em Cristo e são chamados a viver o tríplice ministério sacerdotal, profético e real" (Celam, Documento de Santo Domingo, 94; cf Lumen Gentium 33.) "Em virtude do Batismo e da Confirmação, somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo e entramos na comunhão trinitária da Igreja" (Celam, Documento de Aparecida, 153).

Concluindo, com a riqueza conciliar e do ensinamento dos pontífices e da comunhão dos Bispos, o cristão fiel leigo tem enfim uma definição positiva, advinda de sua incorporação a Cristo pelo batismo e identificação testemunhal pela Crisma, pela igualdade fundamental de sua dignidade de membro eclesial, no exercício do tríplice múnus de santificar, ensinar e pastorear, decorrente da participação a seu modo, do único Sacerdócio de Cristo, no Sacerdócio comum, distinto essencialmente do Sacerdócio ministerial ou hierárquico dos Ministros Ordenados, mas em plena comunhão e cooperação com ele na edificação do Corpo de Cristo, exercendo sua missão específica de salgar e iluminar as realidades do mundo, na vocação universal à santidade, no mandato universal de evangelizar, na espiritualidade da Palavra de Deus e da Eucaristia, "fonte e cume de toda a vida cristã" ( Lumen Gentium 11; Sacrosanctum Concilium 10).

"Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões e nas circunstâncias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função e guiados pelo espírito evangélico, e desta forma, manifestarem Cristo aos outros, principalmente com o testemunho da vida e o fulgor da sua fé, esperança e caridade" (Lumen Gentium 31).

"Modelo perfeito desta vida espiritual e apostólica é a bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos. Enquanto levou na terra vida igual à de todos, cheia de cuidados familiares e de trabalhos, estava sempre intimamente associada ao Filho, cooperando de modo absolutamente singular na obra do Salvador." (Apostolicam Actuositatem 4). "Esta Virgem deu em sua vida o exemplo daquele maternal afeto do qual devem estar animados todos os que cooperam na missão apostólica da Igreja para a regeneração dos homens" (Lumen Gentium 65).

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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