É possível aprender a ser feliz?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 05 de agosto de 2021

Estar vivo é maravilhoso! Pense nisto por um instante. Imagine se você morresse exatamente agora. Que perda, não é? A vida é maravilhosa mesmo com sofrimentos inevitáveis. Mudando nossa visão dos sofrimentos ao olhá-los sob um ângulo maior da existência, muda muita coisa, inclusive a própria experiência do sofrimento. Há sofrimentos evitáveis. Podemos aprender a não cair neles, e construir felicidade. Como é isso?

Você pode aprender a desenvolver uma visão otimista da vida, não no sentido de fingir que não há problemas, ou ignorar problemas sociais e políticos que nos afetam diretamente. Você pode desenvolver um viver útil, com ações positivas, mesmo que pequenas, no seu círculo social, e isto produz gratificação que gera felicidade, fortalece sua imunidade, causa paz interior. Podemos aprender a viver melhor. E são estas pessoas que desenvolvem uma visão mais otimista da vida e do viver, que adoecem menos, e se adoecem, se recuperam mais rápido, necessitam de menos medicação, menos hospitalização, seu corpo funciona melhor porque sua mente ajuda.

Primeiro de tudo não coloque sua fonte de felicidade em coisas passageiras, como a estética de seu corpo, as emoções, a energia sexual, aquisições materiais, nem coloque-a num outro ser humano. As pessoas que nos amam, não conseguem expressar afeto necessariamente como queremos, da mesma maneira o tempo todo, sentindo igualzinho cada momento. Nem nós conseguimos isto, não é? Amar produz felicidade, mas este amor tem que ser altruísta, não egoísta, se não ele não funciona na produção da felicidade.

Dr. Frederico Demetrio, psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), em interessante artigo denominado “A Importância da Felicidade”, diz que as pessoas que têm falta de “felicidade estrutural” podem aprender a buscar a felicidade, e ela não está “aí fora”, mas depende do seu modo de pensar, de lidar com os sentimentos, e de agir, e não na satisfação de desejos, que pode ser algo superficial e fugaz.

Ele descreve virtudes a serem cultivadas sendo componentes da felicidade, como: sabedoria e conhecimento (criatividade, curiosidade, mente aberta); coragem (autenticidade, bravura, persistência, entusiasmo); humanidade (gentileza, amor, inteligência emocional); justiça (imparcialidade, liderança, trabalhar como parte de uma equipe); temperança (modéstia, prudência, equilíbrio); transcendência (gratidão, esperança, humor e crença religiosa).

De uns anos para cá tem surgido ênfase a chamada “Psicologia Positiva” como fator de saúde mental e física. Ela envolve, por exemplo, incentivar o paciente a exercer gratidão, visitando pessoas que o ajudam e falar diretamente a elas. Tem que ver com fazer uma lista de coisas boas que têm ocorrido em sua vida, escrevendo num papel, desde algo simples, até algo mais complexo, e concentrar-se no positivo. Também envolve exercer bondade com qualquer pessoa, evitar criticar as pessoas e a si mesmo, detectando as qualidades e falando delas. Tem que ver com confiar mais em suas capacidades de lidar com situações difíceis e nas que Deus concede.

Assim, quando você se defrontar com situações desafiadoras, evite dizer: “Eu não consigo!”, mas diga “Eu não consigo, ainda!” E não só pense positivo, mas pratique algo positivo. Pensou em ajudar alguém? Ajude! Mesmo que seja com uma palavra. E preste atenção porque todos os dias temos oportunidade de ajudar outra pessoa.

Estas coisas devem ser feitas constantemente para terem efeito sobre nossa saúde e produzir felicidade. É bom que tais atitudes positivas passem a ser algo em nosso estilo de vida e não algo isolado aqui e ali. Uma pessoa feliz de dentro para fora é útil na família, na comunidade e na sociedade. E felicidade tem muito que ver com servir, ajudar, sem conflitos de interesses, mas voluntariamente.

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