Eu já escuto os teus sinais

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 17 de dezembro de 2022
Foto de capa
(Foto: Pexels)

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Vem como fantasia de porta-bandeira, cheia de plumas multicoloridas, paetês brilhosos de sol e lua, com flâmula e tudo. Se despido, segue vibrante e concreto, bailando como se voasse pela avenida dos tempos que não envelhecem. 

Não há como voltar atrás. Até os mais incrédulos já enxergam. O que vem é repleto de poesia sábia que só os apaixonados podem declamar. Seus versos são de canção nova experimentada em tantas outras que entregam esperança encarnada na alma.

Adeus, estações sombrias! Adeus, cara fechada tomada por ódio. Adeus a esse rancor amargurado que traveste hipocrisia. O amor venceu e seu pódio convoca a diversidade de ser feliz. Se nós somos tantos e tão diferentes, realcemos o respeito ao que nos une: liberdade! De ser quem se é e de ser quem quiser, mesmo sem saber quem se pode tornar a ser. Porque uma vida é pouca para o tanto que podemos ser e experimentar.

O que mata e corrói não é liberdade, mas caça aos livres. A inveja aprisiona. A maldade apequena. A arrogância envenena e, pouco a pouco, mata a si próprio. Deixe o julgamento para os juízes, mas voe como os astronautas, os paraquedistas, as crianças que pulam de sofá em sofá como super-heróis que são. 

Cada vez mais perto está. Eu sei. De espantar os pessimistas e ressabiar os falsos moralistas. É de pulsão essa satisfação em saber que esse sopro se achega cada vez mais forte e traz consigo novos dias de memórias boas. Filho da esperança quer ser pai de bonança. Abre os braços para a paz e abraça forte o amor que finca raízes no quintal.

Há jardins por florescer nos paralelepípedos das ruas e entre as flores, sementes de doces começam a perfumar de infância toda vizinhança. Os meus vizinhos da África, da Austrália e de toda a Europa haverão de celebrar como se faz nas primaveras. 

O brilho no olhar de volta, a confiança retomada para não ter mais que precisar de coragem para ser feliz. Se faz feliz – vai! Simplesmente, vai. Depois de tanto, tal aprendizado está por se estabelecer nas enciclopédias, nas filosofias, nos ditados populares, nas salas de terapia, no cotidiano das cidades, nos livros de pouca ajuda, de autoajuda, nos gibis que ensinam muito mais. 

A felicidade já está por vir puramente por se caminhar por ela, até ela. Será sonho? O sonho é o que move tudo. Sonhos são de uma potência acima dos desejos e das ambições ao ponto que ambos — ambição e desejo — são apenas subprodutos dos sonhos.

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Talvez já tenha vindo em outros momentos. Se está voltando ou não, eu não sei. Mas sei que está muito perto, cada vez mais próximo. Tem frescor. Tem sabores tantos que ultrapassam o que o paladar pode determinar como conhecido. É repleto de plenitude como se no peito se pudessem carregar estrelas destinadas ao firmamento. 

Ninguém pode deter o que está para acontecer. Fé na vida, nas horas dos dias. Fé no outro e na própria ingenuidade. É intenso esse sentimento que vem e se achega cada vez mais perto. Sensivelmente empático e espontaneamente otimista. A janela é maior do que nós para dar vista a um mundo incrivelmente fabuloso. 

Você vem ver? Pois, eu já escuto os teus sinais.

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