Poderá ser Nova Friburgo considerada uma Cidade Literária?

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Gostaria de começar a coluna afirmando que Nova Friburgo é uma Cidade Literária pelo seu potencial inspirador, natureza e história. Mesmo possuindo uma produção literária considerável, além de acolher a Academia Friburguense de Letras e a União Brasileira de Trovadores, ainda um longo caminho precisa ser percorrido para ser assim considerada. Essas cidades atraem amantes de livros, têm uma vida literária produtiva, possuem editoras, livrarias e lojas que vendem livros usados, promovem festas e feiras literárias, atraem leitores, escritores e bibliógrafos.

As Cidades Literárias possuem selos de qualidade da UNESCO e estão espalhadas mundo afora por destacarem a literatura como ponto estratégico do seu desenvolvimento cultural, social e econômico. Realizam projetos literários inovadores de produção e intercâmbio entre escritores. Podemos citar Óbidos (Portugal), Edimburgo (Escócia), Milão (Itália) Slemani (Iraque), Quebec (Canadá), Montevidéu (Uruguai), Melbourne (Austrália), Dublin (Irlanda), dentre outras em todos os continentes. No Brasil, há centros de produção e difusão da literatura, como Paraty e Porto Alegre, porém ainda não conquistaram o selo.  

Em princípio, toda a cidade tem potencial para ser literária uma vez que a literatura é o meio pelo qual os escritores, através de diferentes estilos, expressam suas emoções e expectativas, eternizam a cultura e a história do lugar, recordam o passado e vislumbram o futuro. É a arte da palavra que vai brotando com o viver, através de um diálogo intenso e profundo entre alguém que escreve com alguém que lê. O escritor faz-se presente através das suas palavras, mostrando seu modo de pensar e sentir em todo tempo e lugar; tem imortalidade.

Uma Cidade Literária, ao preservar o acervo de livros, tem cuidados especiais com os escritores que sobre seu solo passaram ou viveram, além de apoiar a produção dos atuais. Nova Friburgo tem tradição de acolher artistas da palavra como Machado de Assis, J.G. de Araújo Jorge, Casimiro de Abreu. No entanto, hoje precisa oferecer subsídios aos atuais, através da implementação de medidas políticas e econômicas a fim de apoiar os criadores de obras literárias e a criação de uma nova literatura, posto que necessitam de recursos materiais para evoluir como artistas da palavra e construir obras de qualidade. 

São Cidades que ampliam a relação entre a população com livros, atividades e outros formatos de ações literárias. Constantemente abrem possibilidades para o turismo cultural dado que a literatura também atrai a produção de atividades artísticas afins.   

Além do mais, realizam atividades que fomentam a leitura e a formação de leitores. Não resta dúvida que as escolas que investem em suas bibliotecas e atividades multivariadas de leitura possuem papel fundamental para o desenvolvimento do hábito e do gosto de ler. Entretanto a escola precisa do respaldo de atividades literárias realizadas na comunidade, como feiras, saraus, concursos e festivais literários para atingir seus objetivos.

Para finalizar, aqui deixo mais uma semente para corroborar com a escolha da população pela construção da Biblioteca Internacional Machado de Assis (BIMA) no espaço vazio da Praça do Suspiro. 

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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