Os legados literários de Nova Friburgo

Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Quem sai de Cachoeiras de Macacu e começa a subir a serra sente o cheiro da mata. As florestas, que cercam a região de Nova Friburgo, iluminam o imaginário de quem se sensibiliza com tamanha beleza. A Mata Atlântica tem fertilidade e generosidade, abundância e variedade em sua flora e fauna. Suas reservas ecológicas, como a dos Três Picos, preservam a vida natural, como a da onça parda. Cada passarinho, ao voar e pousar nas plantas e campos, vai espalhando sementes, alimentando filhotes, refazendo a vida com suavidade. É um ambiente que toca a música literária com alegria.

Nova Friburgo é um lugar que faz brotar a rama literária em cada um dos seus cidadãos ou visitantes. Tivemos trovadores e escritores, poetas e contistas que iluminaram a história da cidade, fazendo a palavra acompanhar a vida do friburguense. A trova rodopia pelas curvas das estradas e passeia pelas esquinas das cidades. Rodolpho Abbud, JG de Araújo Jorge e Dilva Moraes deixaram um legado que tornaram a trova viva nas terras Friburguenses.

Seria o mundo perfeito,

Se os sonhos fossem seus reis,

Com o Amor tendo o direito

De ditar todas as leis!

                                              Rodolpho Abbud

Desde os anos sessenta, Nova Friburgo realiza anualmente Jogos Florais quando premia trovadores de várias partes do mundo. Em 2004, foi sancionada a Lei Municipal 4.345 que concede à cidade o título de Cidade da Trova.

Não podemos deixar de ressaltar que nosso escritor maior, Machado de Assis, caminhou pelas ruas em torno da Praça Presidente Getúlio Vargas, cujas árvores o inspiraram à criação de histórias e personagens que enriqueceram a literatura brasileira.

Casimiro de Abreu, autor da poesia “Meus Oito Anos”, estudou em Nova Friburgo, no Instituto Freese. Como Carlos Drummond de Andrade estudou no Colégio Anchieta. A escritora Clarice Linspector admirava a natureza quando aqui se hospedava quando se sentiu inspirada para escrever algumas de suas crônicas, como “Rosas Silvestres” (2010): “Esqueci de dizer que as rosas silvestres são de planta trepadeira e nascem no mesmo galho. Rosas silvestres, eu vos amo. Diariamente morro por vosso perfume”.

Por aqui também passou Francisco Gregório Filho, escritor e contador de histórias, onde criou a Secretaria de Promoção da Leitura. Em uma das suas crônicas para o Jornal A Voz da Serra, escreveu em janeiro de 2013, “A região serrana há muito tem acolhido durante os fins de ano muitos profissionais da área do livro e da literatura para momentos de recanto e recolhimento.” 

Friburgo tem uma Academia de letras atuante desde 1947. Seu patrono é Julio Salusse, autor “Cisnes”, considerado um dos sonetos mais belos do século passado. Homenageou grandes escritores como Julia Lopes de Almeida, romancista, cronista, patronímica da cadeira número 27, que colaborou ativamente com a fundação da Academia Brasileira de Letras. Desce a sua criação, a AFL acolhe os escritores da cidade como forma de difundir a literatura, incentivar a produção literária e preservar a Língua Portuguesa, enquanto patrimônio maior do brasileiro. 

A literatura está viva em Nova Friburgo através de escritores produtivos e agentes culturais. Será que os friburguenses têm conhecimento do potencial literário da sua cidade? 

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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