Variante Ômicron pode ser a despedida da pandemia

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

De acordo com várias publicações e opiniões de infectologistas, a pandemia do coronavírus pode estar chegando ao fim. Lá atrás, no dia 24 de novembro de 1859, foi publicado o livro “A origem das espécies”, do naturalista inglês Charles Darwin, no qual, após 20 anos de trabalho, ele demonstrava como variações em indivíduos de uma espécie poderiam favorecer um maior sucesso evolutivo por meio da seleção natural. Também em 24 de novembro, mas em 2021, uma linhagem até então desconhecida do Sars-CoV-2, causador na Covid-19, foi relatada na África do Sul. Nomeada com a letra grega Ômicron, a variante não tem apenas dezenas de mutações na proteína de espícula que fica no envelope viral quando comparada ao primeiro Sars-CoV-2, mas também em muitas proteínas menos famosas escritas no seu genoma de quase 30 mil letras.

Talvez, por isso, apesar da contaminação ser mais rápida, sua evolução é mais curta e, em princípio, os sinais e sintomas mais brandos que a cepa inicial e suas variantes Delta e Gama. Ela pode significar, também, o final da epidemia, o que não significa o fim da Covíd e sim que ela ou se tornará endêmica ou voltará de tempos em tempos. Além do mais, a imunidade propiciada pelas vacinas e mesmo pelas infecções, tem vida curta, o que obrigará as autoridades de saúde a se programarem para uma vacinação anual, como é o caso da vacina contra a gripe.

“No último domingo, 23, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, disse que é plausível que a variante Ômicron seja o último estágio da pandemia no continente”. “Quando a onda Ômicron diminuir, haverá imunidade global por algumas semanas e meses, seja por causa da vacina ou porque as pessoas terão sido imunizadas pela infecção”. Afirmou ainda “que na África do Sul, onde a variante Ômicron foi detectada pela primeira vez, os novos casos diminuíram nas últimas quatro semanas”.

Na mesma linha, o conselheiro da Casa Branca para pandemias nos Estados Unidos, Anthony Fauci, disse também no último domingo, que pode haver uma reviravolta na situação no país. Ele afirmou que a atual onda de Ômicron estava atingindo um pico nacional e que os casos de coronavírus podem cair para níveis administráveis ​​nos próximos meses. “O que esperamos é que, conforme entrarmos nas próximas semanas ou meses, veremos em todo o país o nível de infecção aumentar abaixo do que chamo de área de controle”, disse Fauci durante entrevista à rede americana ABC.

Isso não significa erradicar o vírus, disse ele, pois as infecções continuarão. “Eles estão lá, mas não vão atrapalhar a sociedade. Esse é o melhor cenário”, garantiu.

Como já disse em outra coluna, quando da epidemia da gripe espanhola, em 1918, o mesmo fenômeno aconteceu; houve um início gradual, que se intensificou e atingiu índices de mortalidade até então nunca vistos e, que com o tempo, foram diminuindo de intensidade até se tornarem esporádicos em 1920, ou seja, dois anos após o seu início. Isso era a comprovação de que a virulência do vírus se atenuou e houve uma imunização natural da população.

É preciso ir com menos sede ao pote, pois ainda estamos longe da bonança. Nas recentes festividades de Natal e Ano Novo, depois de dois anos de confinamento e bombardeamento diuturno da imprensa sobre o tema coronavírus, é compreensível que a sociedade tenha chutado o balde. As festas de Natal e réveillon foram uma constante e as praias do Rio de Janeiro, Região dos Lagos, litoral de São Paulo e diversos balneários da Região Sudeste com gente a sair pelo ladrão. Em Cabo Frio chegou a ter briga, na areia, por um lugar para abrir a barraca de sol.

Apesar de 69,9% da população brasileira já ter sido vacinada com duas doses e 19,4% com reforço (dados do último dia 23, da Our Wold in Data), os cuidados preconizados sempre, pelas autoridades de saúde, não devem ser abandonados, tais como uso de máscara que deve ser trocada a cada quatro horas, higiene das mãos com frequência seja com álcool gel, seja com água e sabão (muito melhor), evitar levar os dedos ao nariz, à boca e aos olhos e manter o distanciamento não frequentando locais cheios e confinados. É bom observar que praia lotada, onde ninguém usa máscara, também não é aconselhável.

Concordo com os que afirmam que está na hora de retomarmos nosso ritmo de vida, mas sem esquecer o velho ditado de que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

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