A CPI da Covid está chegando ao fim

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 06 de outubro de 2021

O Grande Circo Brasileiro (CPI da Covid) está chegando ao fim e suas estrelas maiores, os humoristas Renan Calheiros (relator), Omar Aziz (presidente) e Randolfe Rodrigues (curinga ou vice) se preparam para o espetáculo final. Mas quem são esses senadores escolhidos para tão alto posto, primeira fila da ribalta mais divertida de 2021? Aliás, antes de continuar, um lembrete para Luciano Hang, não confundir com Luciano Hulk. Em sua ótima entrevista a Lacombe, na Rede TV, sobre seu depoimento na tal de CPI, Hang disse que senadores eram servidores públicos... Na realidade eles não são servidores, pois estes necessitam de concurso para adentrar no serviço público, seja municipal, estadual ou federal. Na realidade são cidadãos eleitos (muitas vezes com uma velada ou descarada compra de votos) com a missão de representar o povo, o que cai no esquecimento assim que tomam posse.

Mas quem são esses três senadores, em evidência desde abril de 2021? Renan Calheiros tem seu curral eleitoral no estado de Alagoas, onde entrou para a vida pública em 1979 como deputado estadual. Atualmente, exerce seu quarto mandato como senador e já foi presidente do senado; é um político profissional e expert em ganhar eleições. Aliás, antes de entrar na política, Renan chegou a morar de favor na casa de um amigo e possuía apenas um Fusca de patrimônio. Hoje, Renan é dono de fazendas, imóveis e diversas empresas que movimentam milhões. Mas, em contrapartida tem vários processos na justiça, sendo um de 2016, ´por peculato que lhe valeu a perda da presidência do senado. Posteriormente, o STF, sabe-se lá porque, devolveu-lhe a presidência, mas sem o direito de exercer a presidência da república em caso de ausência do titular. Muito boa gente. Em sua trajetória de 26 anos no Senado Federal, Calheiros acumulou desde inquéritos por crimes contra a honra até os conhecidos inquéritos por corrupção nas operações Lava Jato, Zelotes e no âmbito da Postalis, o instituto de previdência dos Correios. No momento, existem 10 processos em tramitação, pois os outros, ou foram arquivados ou caíram no decurso de prazo.

Osmar Aziz está na política desde 1996, quando foi vice-prefeito de Manaus. Já foi vice-governador do Amazonas, Governador desse mesmo estado e, atualmente, é senador. Foi um dos indicados para integrar a CPI que vai investigar as responsabilidades de autoridades e mal uso de recursos públicos na pandemia. No entanto, é investigado por desvios de recursos para a área da saúde quando ele foi governador do Amazonas (CNN Brasil).

Aziz foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal chamada “Maus Caminhos”. Ela foi deflagrada em 2016 e houve uma série de desdobramentos. O objeto principal da investigação é o sumiço de cerca de R$ 260 milhões de verbas públicas da saúde por meio de contratos milionários firmado com o governo do estado do Amazonas (CNN Brasil). Ele é investigado porque, quando estava no cargo, parte desses contratos foi firmado e um relatório parcial da Polícia Federal, o da Operação Vertex, um desdobramento da Maus Caminhos, cita seu nome 256 vezes em 257 páginas.  Mais parece a raposa tomando conta do galinheiro. Um dos trechos diz que “os indícios da atuação de OMAR AZIZ para a criação e manutenção da organização criminosa formada em torno do Instituto Novos Caminhos são robustos e permeiam toda a investigação”.

Quanto a Randolfe Rodrigues nasceu na cidade pernambucana de Garanhuns, em 1972, mas mudou-se para o Amapá com oito anos de idade. Professor de História, formado pela Universidade Federal do Amapá, entrou para a política em 1998, quando elegeu-se deputado estadual do estado. É senador desde 2010. Foi acusado de participar do “mensalinho” da Assembleia Legislativa do Amapá, entre 2009 e 2012, que pagava 20 mil reais a determinados deputados, no segundo mandato do ex-governador João Capiberibe, para votarem projetos de relevância do executivo. Seu processo foi arquivado pela PGR, pelo MPF e pelo STF, por falta de provas.

Diga-se de passagem, a CPI da Covid é um grande palanque eleitoral cujo fim principal é o de desgastar o atual governo, na tentativa de retorno da esquerda ao poder. Como pode ser séria uma ação que tem pelo menos dois representantes exercendo os mais altos cargos, com supostas contas a ajustar com a justiça? Essa CPI vai investigar as responsabilidades de autoridades e mal uso de recursos públicos na pandemia, acusações que também pesam sobre Renan e Aziz.

Aguardemos o relatório final que está para ser lido e aprovado em 20 de outubro.

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