Precisamos alinhar expectativas

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

O tempo foi passando e um ciclo de aperto econômico parece estar perto do fim. Agora, portanto, é importante entendermos o que está por vir e como podemos direcionar estratégias mais assertivas para o momento que se aproxima.

Com inflação aparentemente controlada, o Brasil vive um momento de juros real bastante elevado. Com esse alto custo do dinheiro, pouco se explora da capacidade empreendedora e tomada de risco em operações alavancadas. Fui muito rápido?

Bom, este espaço busca democratizar o conhecimento econômico. Então por partes e, começando pelo custo do dinheiro, vamos falar da taxa Selic. Aqui, temos os juros básicos da economia brasileira que serve de parâmetro para financiar a emissão de dívidas pelo Tesouro Nacional. Atualmente em 13,75% ao ano, esta – a grosso modo – é a taxa mínima praticada no mercado para correções ao capital do comprador de um título de dívida; e cá entre nós, este é um número bastante elevado para representar apenas o custo da nossa moeda.

Tratando de forma simplista, ao trazermos o indicador de inflação para a equação, começamos a falar de juros real (Selic - IPCA = Juros Real). Tudo começa a fazer mais sentido, portanto, quando juntamos todos estes conceitos para simular uma prática cotidiano do mercado financeiro: a tomada de crédito. Em outras palavras, alavancar suas operações. Aqui, a leitura pode abranger os contextos pessoal e profissional. Afinal, financiar a casa própria ou tomar crédito para expandir uma rede de lojas são, igualmente, atividades de alavancagem financeira.

Entendendo a parte técnica eu venho com a seguinte questão: faz sentido se alavancar com juros básico a 13,75% ao ano? Não é caro? Pois esta é a dinâmica de um aperto econômico: desestimular o crescimento como ferramenta para controle inflacionário. Sabendo disso, você pode evitar uma má decisão financeira por ser capaz de interpretar diferentes momentos a fim de evitar riscos desnecessários.

E que tal trazemos um pouco mais de complexidade para o tema? Vamos incluir política monetária internacional no assunto.

Mas antes de achar que complicou muito, tudo o que conversamos até agora teve a ver com política monetária, mas a nível nacional. No Brasil, o Copom, nos Estados Unidos, o FED. Estas são as comissões – de seus respectivos bancos centrais – responsáveis por estabelecer políticas relacionadas às metas de juros e inflação. Depois de passarmos por tempos difíceis decorrentes da pandemia de Covid-19, o mundo se deparou com desafios enormes num contexto de taxas de juros alcançando mínimas históricas. Vale ressaltar, até mesmo o Brasil havia batido recordes e se viu praticando taxas de juros real negativas. Com baixo custo do dinheiro, portanto, muito foi feito de incentivo econômico para suprir a necessidade da baixa produtividade. O resultado? Inflação galopante e taxas de juros (como a Selic no Brasil) subindo abruptamente para pressionar a tendência inflacionária.

Esse ciclo, portanto, está perto do fim e precisamos alinhar nossas expectativas diante do que o momento nos proporciona. Estamos perto de começar a viver um ciclo de incentivo econômico e pode ser um bom momento para você começar a planejar a realização de seus sonhos ou expansão/criação dos seus negócios. Estar em sintonia com o que parece distante pode ser o detalhe para fazer dar certo. Pense nisso!

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