Turismo indica alta em 2024: índices semelhantes ao período pré-pandemia

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

“Eu vejo o futuro repetir o passado”, diria Cazuza. Os ecos de um passado distante parecem refletir os tempos atuais e nos dão uma aula de ciclicidade do mundo. Lá em 1920, Aloha Wanderwell, no auge dos seus 16 anos decidiu explorar o planeta e tornou-se celebridade mundial ao viajar por 80 países.

Também naquele ano que surgiram os primeiros montanhistas – Andrew Irvine e George Mallory – que resolveram subir até o topo do Monte Everest pela face norte. Não muito distante, começaram as expedições de mountain bike, onde ciclistas sem experiências decidiam atravessar vários países pedalando. Éramos mais ousados em 1920.

As pessoas simplesmente pareciam superar a dicotomia de pensamentos dos conservadores e caíram na estrada, atrás de seus sonhos. Tudo isso há exatos dois anos após a gripe espanhola de 1918 que assolou o mundo, deixando pessoas em lockdown por meses e meses e matando outras quase 100 milhões de pessoas – um número quase cinco vezes maior do que as mortes provocadas pela Covid-19.

Contudo, precisamos voltar aos tempos atuais, onde o futuro dá indícios da repetição de passado. Há exatos dois anos dos pós pandemia da Covid-19, pesquisas da Organização Mundial do Turismo (OMT) indicam o retorno dos níveis anteriores à 2020, indicando uma grande possibilidade de aumento no setor para o ano de 2024.

 

O mundo não é mais como era antigamente

As pessoas estão voltando cada dia a mais a viajar, mas de modo diferente do que era anteriormente. Aquele modelo de turista que segue a jornada de sonhar – planejar – comprar e experimentar o mundo com a família parece mudar a cada dia que passa. “O mundo não é mais como era antigamente”, diria Renato Russo.

O planejamento do perfil turístico tem se tornado cada vez mais ousado e curto. As pessoas parecem ter perdido o medo de trocar seus itens de consumo com os quais convivemos à exaustão no período de isolamento social (como o carro, casa, sofás, maquinas de lavar roupa, eletrodomésticos) ao ato de viver intensamente viajando, se permitindo não apenas ao novo, mas ao inesperado.

Wanderlust: em alemão, é uma expressão que define o “desejo de viajar”. E a partir daí, novos vocabulários e modelos de viagem estão sendo reinventados. Por exemplo, o “Couchsurfing” – uma rede de colaboração global que põe em contato viajantes que querem experimentar um mergulho profundo na cultura local, e anfitriões dispostos a abrir as portas das suas casas para receber novas pessoas.

 

Nova Friburgo deu um passo, mas precisa se atualizar

Um outro fator que tem se tornado importante para a escolha dos turistas é o “turismo de experiência”. Uma febre, é a metodologia “Disney”, ensinada por Felipe Lontra em Nova Friburgo, em que os clientes são envolvidos e atraídos por uma grande e marcante experiência, que não poderá ser vivida em outro lugar. E por meio dessas experiências únicas, os turistas se tornam cativos, retornando muitas e muitas vezes.

Grandes exemplos do turismo brasileiro de experiência podem ser vistos em cidades como Gramado (RS), Pomerode (SC), Urubici (SC), Blumenau (SC), Balneário Camboriú (SC), São Paulo (SP), São José dos Campos (SP), Bonito (MS), Chapada dos Veadeiros (GO) e outros mais.

Um grande exemplo dessa vertente tem se depositado no “turismo radical”. Quem nunca ouviu a história de alguém que viajou para viver experiências de pular de bungee jump, nadar com tubarões ou saltar de paraquedas? Cada dia mais, os viajantes tem se interessado pelas experiências e vivencias únicas na vida.

Nova Friburgo age correto num investimento expressivo ao Turismo, o que deve ser parabenizado. Entretanto, investimos muito dinheiro – inclusive tirando de outras áreas importantes – em projetos que vem e ficam no passado, sem deixar um legado para os friburguenses. Ao desmontar dos palcos, o turismo tem desaparecido de nossa cidade.

Não estamos cativando o turista e muito menos trazendo um legado para a nossa cidade. Apesar de estarmos no centro geográfico do Rio de Janeiro, ainda não somos um relevante polo turístico sequer em nosso estado. E a triste realidade, nua e crua, é que poucas pessoas da capital, sequer sabem onde nossa cidade fica, mesmo que gastemos muito com isso.

As pessoas conhecem Petrópolis, Teresópolis, Campos do Jordão, mas não, Nova Friburgo. Turistas de cidades vizinhas vivem o turismo de experiência, viajando pelo país, em projetos que poderiam ser implementados aqui. Até os próprios friburguenses, para viverem um pouco turismo radical, tem que viajar, como é o caso dos parapentes.

No entanto, precisamos mudar isso. Uma das excelentes alternativas para surfarmos essa onda turística de 2024 é olharmos no entorno da nossa cidade, especialmente nos pequenos empresários que investem no turismo de experiência, como: o rafting, os voos de parapente, o alpinismo, o montanhismo e as trilhas.

Se é uma vontade de mudarmos a nossa cidade pelo turismo e, nos próximos anos, deixarmos de investir tanto em projetos que são esquecidos com uma ou duas semanas, precisamos deixar um legado. E se não nos atualizarmos em planejamento, ficaremos ainda mais para trás.

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