Sindvest: 30% das confecções de Nova Friburgo correm risco de fechar

Em entrevista exclusiva, Marcelo Porto comenta projeções para a indústria do vestuário no pós-pandemia
sexta-feira, 01 de maio de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O presidente do Sindvest, Marcelo Porto (Foto: Henrique Pinheiro)
O presidente do Sindvest, Marcelo Porto (Foto: Henrique Pinheiro)

Considerada a capital da moda íntima, Nova Friburgo possui mais de mil confecções  com registro na prefeitura. Referência no Brasil e no mundo, o setor enfrenta, talvez, sua principal crise, por conta da pandemia do coronavírus.

Algumas confecções estão se reinventando e apostam na produção de máscaras de proteção para continuar na ativa. O cenário para muitas empresas deste ramo, no entanto, é pessimista, com algumas delas já encerrando atividades e demitindo funcionários.

Para saber um pouco mais de como o setor vem enfrentando essa crise, A VOZ DA SERRA conversou com Marcelo Porto, presidente do Sindicato das Indústrias do  Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest).

AVS: Quantas confecções existem em Nova Friburgo?

Marcelo Porto: Atualmente o polo de moda íntima reúne cerca de 1.300 CNPJs.

Por conta da pandemia, algumas confecções foram autorizadas a funcionar. Quantas estão operando atualmente?

O histórico que temos da prefeitura é de 236 empresas com 50% do seu efetivo.

Há a preocupação com funcionários que dependem do ônibus para se locomover? Como é pensada a questão da segurança, visto que o transporte público pode ser um ambiente de propagação do vírus? Como fazer para que os trabalhadores do setor estejam minimamente protegidos?

Os funcionários receberam máscaras e foram orientados quanto a higiene e prevenção em ambientes públicos.

As confecções em funcionamento possuem ambientes bem ventilados, com funcionários respeitando as condições de distanciamento, além de equipamentos de proteção individual?

Não conhecemos a estrutura física de todas as confecções para dizer se são ventiladas ou não. O que temos orientado é que as empresas adotem as medidas de saúde.

Qual foi, até o momento, o maior impacto da pandemia no setor?

A parada total das empresas e posteriormente a parcial onde poucas voltaram ao trabalho exclusivamente para fabricação de EPI’s (equipamentos de proteção individual) e máscaras.

Uma confeção já  teria demitido 200 funcionários devido ao cancelamento de pedidos de grandes redes. O cenário econômico é pessimista? Há um prognóstico de demissão? Quantas pessoas já foram demitidas? Quantas devem perder o emprego?

Existe uma previsão que algo próximo a 20 a 30% (das empresas) não voltem mais a trabalhar plenamente ou deverão encerrar suas atividade em nossa cidade.

O Sindvest prevê o polo se reinventando? Ao invés da produção de moda íntima, cuja procura pode cair, o setor pode passar a produzir máscaras de proteção ou outras peças de vestuário?

A necessidade de paralisação total causou um grande impacto. Foram muitos dias fechados sem poder entregar os poucos pedidos que ainda tínhamos. Já temos informações de empresas que nesse momento converteram a sua produção para esse segmento (produção de EPI’s.

Uma possível flexibilização da indústria a partir deste mês pode mudar o perfil operacional das confecções, com número reduzido de funcionários, rodízio de funcionários, diferentes turnos...?

Dependerá das definições da prefeitura. Estamos aguardando um posicionamento oficial.

Já teve alguma confecção que parou de funcionar? Se sim, quantas?

Sim muitas, mas hoje até os órgãos que fornecem informação estão funcionando precariamente. O que temos são notícias vindas de funcionários e do sindicato laboral.

O polo tem tentado alguma ajuda vindo do Governo Federal?

Apenas as linhas que são comuns aos demais setores, mas nada específico para confecção. 

 

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