A coluna do Massimo recebeu diversas manifestações enviadas por familiares de servidores da Prefeitura de Nova Friburgo com mais de 60 anos (ou integrantes dos chamados grupos de maior risco da Covid-19 por outras razões), preocupados com o recente retorno de seus parentes ao trabalho.
“Peço sigilo em relação ao meu nome, pois meu próprio pai seria contra esse pedido de ajuda. Mas ele já é idoso, e sua rotina de trabalho inclui tomar duas conduções e passar boa parte do dia ao telefone, em situações bastante expostas ao contágio. Apelo à prefeitura para que repense esse posicionamento, ou que busque maneiras mais seguras de aproveitar a disposição dos servidores que integram o grupo de maior risco. Ninguém quer receber sem trabalhar, vejo isso dentro de casa. Mas esperamos que todos os esforços sejam empreendidos em favor da segurança dos servidores.”
A preocupação da leitora, em meio a toda a honradez de quem não quer receber sem trabalhar, segue na linha do que a coluna observou há poucos dias a respeito do corte indiscriminado do auxílio transporte entre o funcionalismo municipal.
Ora, é evidente que ninguém aqui está defendendo que alguém receba auxílio transporte de maneira injustificada - e muita gente de fato recebe. Inclusive, entre os altos salários das incorporações, tem gente que reside pertinho da prefeitura e recebe este auxílio.
No entanto, novamente parece correto olhar com atenção para as absurdas discrepâncias existentes na folha de pagamento do município, e observar que, para quem viu seu poder aquisitivo despencar ao longo dos últimos anos e passou a depender do auxílio transporte para conseguir fechar o mês, ele acabou se convertendo efetivamente num auxílio alimentação. É uma espécie de remendo? Sim, é.
Uma situação precária e degradante oriunda da aviltante diferença de tratamento há décadas reservada por um lado a concursados e quadros de carreira e por outro a indicações políticas úteis ao sistema, mas que se tornou tristemente necessária enquanto ninguém tem a dignidade de oferecer solução melhor.
Humanidade
É evidente, enfim, que o próximo prefeito terá de fazer das tripas coração para oferecer condições mais dignas e justas ao funcionalismo.
Por ora, no entanto, preservar o auxílio transporte dos salários mais baixos teria sido certamente um ato de humanidade.
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