A alta de 10,4% no rendimento de todas as atividades de trabalhadores mais ricos — e portanto, que tendem a ter maior qualificação e escolaridade — em 2023 ante 2022, serviu para aumentar a concentração desse tipo de renda no ano passado. Mas, na prática, foi apenas um movimento de recuperação.
Com esse avanço, o rendimento médio do trabalho dos 10% mais ricos (R$ 12.163 por pessoa da família ao mês) ficou 0,6% abaixo do verificado em 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 19, pelo IBGE. No primeiro ano da crise sanitária, os ganhos desses trabalhadores mais qualificados até subiram, mas depois caíram em 2021 e 2022.
Já entre os 10% mais pobres, a renda com salários, a renda do trabalho cresceu só 1,8%, para R$ 389 por pessoa por mês — o valor é abaixo do salário mínimo porque considera trabalhos informais e a renda domiciliar, ou seja, por cada membro daquele lar, incluindo quem não trabalha, como as crianças e idosos. Desde a pandemia, a comparação é mais favorável: houve uma alta de 12,4%.
Mercado de trabalho melhor
O aumento da renda total em 2023 foi puxado por um mercado de trabalho que se recuperou totalmente da crise causada pela Covid-19, tanto em termos de geração de empregos quanto de reajustes de salários — as duas variáveis importam; a família pode ganhar mais tanto por causa de aumentos nos pagamentos quanto devido ao fato de que um membro conseguiu emprego melhor.
O analista do IBGE, Gustavo Fontes, chamou a atenção para o fato de que, ano passado, a proporção de empregados no total da população em idade de trabalhar superou o nível de 2019, último ano antes da pandemia:
“Isso mostra uma recuperação do mercado de trabalho em 2023. Esse processo já tinha iniciado de forma mais acentuada em 2022 e continuou”, comentou.
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