Reciclagem de embalagens PET cresce 14% em dois anos no Brasil

Ainda assim, o setor enfrenta desafios significativos, como a falta de coleta seletiva e o descarte incorreto de resíduos plásticos
quinta-feira, 27 de março de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Edmar Chaperman / Funasa)
(Foto: Edmar Chaperman / Funasa)

O Brasil reciclou 410 mil toneladas de embalagens PET no ano passado, um crescimento de 14% em relação às 359 mil toneladas processadas em 2022. O dado foi divulgado pela 13ª edição do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, conduzido pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). Apesar do avanço expressivo, especialistas apontam que o setor ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de políticas públicas eficientes para coleta seletiva e o alto índice de descarte incorreto de resíduos plásticos.

O aumento na reciclagem de PET no Brasil demonstra a crescente conscientização ambiental e a ampliação das cadeias de reaproveitamento de materiais plásticos. O avanço é impulsionado por iniciativas do setor privado, cooperativas de reciclagem e uma maior adesão de consumidores ao descarte responsável.

Um dos destaques do levantamento da Abipet é a destinação dos resíduos PET reciclados. Em 2024, pelo menos 37% da resina reaproveitada foi utilizada na fabricação de novas embalagens, especialmente para água, refrigerantes, energéticos e outras bebidas não alcoólicas. Esse ciclo de reutilização reduz a demanda por plástico virgem e contribui para um modelo de economia circular mais sustentável.

Além das embalagens, a indústria têxtil absorveu 24% do PET reciclado, convertendo-o em fibras para tecidos sintéticos usados em roupas esportivas, estofados e carpetes. Outros setores também se beneficiaram: a indústria química utilizou 13% da resina reciclada, enquanto a produção de lâminas e chapas plásticas e a fabricação de fitas de arquear – usadas para empacotamento e fechamento de caixas – consumiram, cada uma, cerca de 10% do material reaproveitado.

Apesar do crescimento da reciclagem de PET, a Abipet alerta que a indústria ainda opera com uma ociosidade média de 23%, podendo chegar a picos de até 40%. Isso significa que, mesmo com a demanda crescente por resina reciclada, as empresas do setor não conseguem operar em plena capacidade devido à escassez de matéria-prima.

A principal razão para esse problema é a deficiência na coleta seletiva no Brasil. Embora algumas cidades possuam programas estruturados de reciclagem, grande parte das embalagens plásticas ainda acaba descartada em aterros sanitários ou no meio ambiente. De acordo com especialistas, a ausência de incentivos governamentais, a falta de infraestrutura adequada e a baixa conscientização da população são fatores que limitam o potencial da reciclagem.

Logística reversa

Para que a reciclagem de PET continue crescendo no Brasil, especialistas defendem medidas como o fortalecimento da logística reversa, a ampliação da coleta seletiva, o incentivo à formalização de cooperativas de catadores e o fomento a tecnologias que aumentem a eficiência do processamento de materiais recicláveis.

Além disso, grandes empresas do setor de bebidas e embalagens têm assumido compromissos ambientais, como o uso crescente de resina PET reciclada na produção de novas garrafas e embalagens. Iniciativas como o design para reciclagem, que busca desenvolver embalagens mais fáceis de serem reaproveitadas, também desempenham um papel fundamental na economia circular.

O consumidor final também tem um papel essencial nesse processo. A separação adequada do lixo, a destinação correta de materiais recicláveis e o apoio a produtos sustentáveis ajudam a fortalecer a cadeia de reciclagem e reduzir o impacto ambiental do descarte de plásticos.

O crescimento de 14% na reciclagem de PET no Brasil entre 2022 e 2024 representa um avanço importante para a sustentabilidade e para a economia circular do país. No entanto, ainda há desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à coleta seletiva e ao incentivo ao uso de resinas recicladas pela indústria. O desenvolvimento de políticas públicas eficazes, aliado ao engajamento do setor privado e da população, será fundamental para garantir que a reciclagem de plásticos continue avançando e contribuindo para um futuro mais sustentável.

 

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