Principais instituições e empresas de Nova Friburgo são lideradas por mulheres

Márcia Carestiato, da Firjan; Fernanda Gripp, do Sebrae; Danielle Moreira, da Águas; e Tatiana Gonçalves, do Senai-Sesi, são exemplos
sábado, 05 de março de 2022
por Christiane Coelho (Especial para a A VOZ DA SERRA)
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que marca a luta pela igualdade de direitos entre gêneros, uma meta ainda a ser conquistada por todas. Apesar de mais instruídas, as mulheres ocupam 37,4% dos cargos gerenciais e recebem 77,7% do rendimento dos homens, de acordo com a segunda edição das "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil", do IBGE. Mas, com disposição, estudo, força e determinação, muitas vão galgando degraus e conseguem alcançar os cargos mais altos oferecidos em empresas.

Para celebrar esse dia especial, A VOZ DA SERRA conversou com quatro mulheres que chegaram lá e hoje, ocupam gerências e diretoria de empresas ou entidades de Nova Friburgo: Danielle Moreira, diretora da concessionária Águas de Nova Friburgo; Márcia Carestiato, presidente da representação regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro no Centro-Norte fluminense e do Sindicato das Indústrias Gráficas de Nova Friburgo (Sindgraf); Fernanda Gripp, gerente da Agência Regional Serrana I do Sebrae/RJ e Tatiana Gonçalves Gomes Dias, Gerente Operacional do Senai-Sesi de Nova Friburgo. Veja as trajetórias e os desafios encarados por elas.

Há quanto tempo atua na empresa? Quais cargos já ocupou na empresa? 

Danielle Moreira: Trabalho na Águas de Nova Friburgo desde 2004. Iniciei como laboratorista no setor de Controle de Qualidade, fui coordenadora de Operações e posteriormente gerente de Operações, Manutenção e Engenharia

Márcia Carestiato: Estou como presidente da Regional Centro-Norte da Firjan desde 2020, mas já fui presidente em outras gestões: 2013 e 2014. E sou presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de Nova Friburgo (Sindgraf) há 15 anos.

Fernanda Gripp: Em novembro, vou completar 25 anos no Sebrae-RJ. Entrei como promotora. Depois fui contratada como analista do Sebrae, que tem três níveis: 1, 2 e 3 e passei por todos eles.

Tatiana Gonçalves Gomes Dias: Trabalho no Sesi há 26 anos. Entrei como auxiliar administrativa, depois assumi a função de agente de atendimento. Quando completei cinco anos de trabalho fui promovida a coordenadora administrativa e financeira e no final do ano passado assumi a gerência das unidades do Senai e do Sesi de Nova Friburgo.

Qual a sua formação?

Danielle Moreira: Fiz Engenharia Química na Universidade Federal Fluminense (UFF), pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho também pela UFF e pós-graduação em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Márcia Carestiato: Sou formada em Administração de Empresas pela Universidade Candido Mendes.

Fernanda Gripp: Me formei em Administração de Empresas e Direito, na Universidade Candido Mendes. Fiz algumas pós-graduações específicas em Direito Empresarial. Fiz mestrado em Gestão Estratégica Empresarial, na Universidade Miguel de Cervantes, na Espanha.

Tatiana Gonçalves: Sou formada em Administração de Empresas pela Universidade Candido Mendes e tenho MBA em Gestão Empresarial e Gestão de Pessoas pela FGV. Quando adolescente, ao terminar o ensino médio, pensava em fazer Odontologia ou Direito... mas aos 18 anos, decidi mudar de país e fui morar nos EUA. Fiquei lá por três anos e aproveitei a oportunidade para estudar o idioma. Quando retornei ao Brasil prestei vestibular para Administração de Empresas e encontrei minha vocação. Ainda na faculdade passei no processo seletivo para o Sesi. Após me formar busquei especializações na área de gestão, e me apaixonei ainda mais pela área.

Como foi receber o convite para assumir o cargo que ocupa hoje? 

Danielle Moreira:  Fiquei muito grata pelo reconhecimento do meu trabalho e pela oportunidade de avançar na carreira que escolhi. É muito gratificante poder contribuir para o desenvolvimento de Nova Friburgo seguindo na missão de trabalhar para equacionar o saneamento no país, rumo à universalização. 

Márcia Carestiato: Um desafio, pois é um cargo predominantemente masculino, mas que me trouxe muitas realizações para o setor industrial.

Fernanda Gripp: Para mim foi uma surpresa e um desafio. Quando recebemos uma proposta como essa, sabemos que os compromissos profissionais vão aumentar, assim como o esforço e comprometimento que temos que ter com a empresa se tornam maiores. Mas, fiquei muito feliz, porque foi um reconhecimento, um convite por mérito. Foi importante para o escritório e para todos que atuam no Sebrae ter essa valorização.

Tatiana Gonçalves: Sempre gostei de desafios e o convite para gerenciar as unidades foi o maior da minha carreira.

Sendo mulher na gestão da empresa ou entidade, quais os maiores desafios? 

Danielle Moreira: Sabemos que há algum tempo algumas profissões eram predominantemente masculinas, mas hoje já é possível ver os avanços conquistados pelas mulheres. Acredito que alguns valores femininos, como a capacidade de trabalho em equipe, a capacidade de persuasão e o incentivo à cooperação podem agregar muito valor ao mercado de trabalho. Meu grande desafio é manter Nova Friburgo entre os municípios de destaque no cenário nacional do saneamento e, com isso, garantir mais qualidade de vida para o cidadão friburguense. 

Márcia Carestiato: O maior desafio é realmente representar um setor de tanta importância, como a indústria, para a economia de nossa região. O fato de ser mulher, talvez, seja um equilíbrio entre o emocional e a objetividade para tal função.

Fernanda Gripp: O Sebrae é uma instituição onde as mulheres têm tido um avanço muito grande, principalmente nos cargos de liderança. Quando assumi a gerência regional, havia 14 escritórios e apenas duas mulheres na gestão. Hoje somos oito. No Sebrae, temos muito incentivo e somos tratados de forma igualitária. Até porque trabalhamos e incentivamos a liderança e o empreendedorismo feminino. O Sebrae criou um programa específico para as mulheres, chamado Sebrae Delas, que estamos trazendo esse ano para a região, junto com algumas novidades, como o Empretec Feminino. Teremos  ações específicas com o público feminino, em parceria com o programa Mulheres de Sucesso.

Tatiana Gonçalves: Tenho orgulho em poder contribuir para aumentar a representatividade da mulher em cargos de gestão. É uma forma de incentivar o empoderamento feminino e reforçar a necessidade de buscarmos as mesmas condições e oportunidades. Tenho certeza que cada mulher que hoje exerce uma função de liderança contribui e inspira outras mulheres a seguirem os mesmos passos. Minha regional é composta exclusivamente por mulheres nos cargos de gerência. São mulheres batalhadoras e determinadas e, com certeza, contribuíram para meu crescimento profissional. Trabalho com muitas mulheres inspiradoras. Vejo de uma forma muito positiva o equilíbrio entre homens e mulheres nos cargos de gestão. É um sinal de progresso e de combate ao preconceito no mercado de trabalho.

Você é casada? Tem filhos? Como conciliar uma carreira de gestão com a vida pessoal? 

Danielle Moreira: Sim. Acredito que é possível estabelecer um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional estabelecendo limites e prioridades. Quando a gente trabalha com o que gosta e tem o apoio familiar fica mais fácil equacionar os dois lados. 

Márcia Carestiato: Sou casada com Eduardo Sancho e tenho três filhos: Roberta, Flávia e Rafael. Também tenho dois netinhos: Lucas e Guilherme. Procuro dividir o tempo entre o trabalho, as atuações na Firjan, Rotary e a família, que prezo muito estar junto. Família é o nosso maior bem e é insubstituível. É a prioridade em minha vida.

Fernanda Gripp: Sou casada, tenho um filho, que está fazendo 18 anos agora. Na época, que assumi a regional, tive a preocupação de conversar com a família e informar que teria que me dedicar mais ao trabalho. Na época, meu filho era pequeno e tive que contar com a família e uma rede de apoio. Conciliar a vida privada com o trabalho é realmente um desafio. E eu ainda tenho empreendimentos, como um sítio, onde trabalho com o agroturismo e uma parceria em uma cervejaria. Mas, sempre tive esse viés de liderança, essa vontade de participar de tudo o que envolve desenvolvimento, que é o que mais amo. O empreendedorismo sempre fez parte da minha vida. Sempre trabalhei com meus pais no comércio que eles tiveram. Já tive loja. Os desafios são esses, tentar fazer o melhor para a região dentro do meu trabalho.

Tatiana Gonçalves: Sou casada e tenho dois filhos: João Pedro, de 19 anos e Arthur, de 11. Um dos maiores desafios para as mulheres é conciliar a vida profissional com a maternidade, e aumentar a representatividade de mulheres em cargos de gestão possibilita uma visão com mais propriedade sobre este e outros assuntos e contribui para implantação de benefícios e estratégias que garantam à mulher condições mais favoráveis para conciliar trabalho, filhos e crescimento profissional.

Segundo o estudo do IBGE,  na população com 25 anos ou mais, 15,1% dos homens e 19,4% das mulheres tinham nível superior completo em 2019. No entanto, as mulheres representavam menos da metade (46,8%) dos professores de instituições de ensino superior no país.

Em cursos de graduação, elas são minoria entre os alunos nas áreas ligadas às ciências exatas e à esfera da produção: apenas 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) são mulheres, enquanto elas ocupam 88,3% das matrículas na área de Bem-Estar, que contempla cursos como Serviço Social.

Em 2020, as mulheres eram 14,8% dos deputados federais, a menor proporção da América do Sul e a 142ª posição de um ranking com dados para 190 países. No processo eleitoral de 2018, pelo menos 32,2% das candidaturas para o cargo de deputado federal foram de mulheres. Entre as candidaturas que contaram com receita superior a R$ 1 milhão, apenas 18,0% foram femininas.

Em 2020, entre os vereadores eleitos em todo o Brasil, 16% eram mulheres. Em Nova Friburgo, o percentual é ainda menor, 14,2% dos vereadores são mulheres. São 21 vagas na casa legislativa e apenas três são ocupadas por mulheres. Na prefeitura, o percentual de mulheres à frente das secretarias é maior, com oito secretárias, num total de 24, o que representa 33%. Na esfera estadual e distrital, 27,6% dos policiais civis e 11% dos policiais militares eram mulheres, em 2018.

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