A primavera costuma ser considerada a estação mais bonita do ano

Ruas, campos, parques e jardins se enchem de um colorido exuberante, despertando bons sentimentos e uma sensação de alto astral.
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
por Ana Borges
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

A primavera costuma ser considerada a estação mais bonita do ano, com a floração de diversas espécies de plantas. Ruas, campos, parques e jardins se enchem de um colorido exuberante, despertando bons sentimentos e uma sensação de alto astral. Em tempos normais, costumamos saudar a estação com prenúncio de boas novas. Mas, diante da crise climática que se abateu sobre o planeta Terra, ao longo deste 2024, o sentimento é de legítima preocupação.

Com o crescimento da população, que passou de 2 bilhões no início do século 20 para 8 bilhões hoje, a pressão sobre o planeta cresceu excessivamente, além da poluição e destruição ambiental que estão levando à extinção de espécies e ao aquecimento global. Das tribos às cidades, percebe-se um processo de colocar para fora o que se considera natureza. Para cientistas, “a Terra perdeu o seu maravilhamento”.

O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser defende a ideia de uma reconexão com o que chama de coletividade da vida. “Nós não somos os donos do planeta, somos parte dele”, diz, se posicionando contra a intenção de colonizar outros planetas, como Marte, “que é completamente hostil à vida e porque a emergência climática exige uma resposta urgente, que não pode esperar décadas”. Para ele, é fundamental a pluralidade de visões sobre a Terra, “a ressacralização da Terra por meio da ideia de que a vida é extremamente rara”. 

Na outra ponta dessa história, em perfeita conexão com o cientista, está o líder indígena Ailton Krenak, ambientalista, filósofo, escritor brasileiro e imortal (embora refute essa “imortalidade”) da Academia Brasileira de Letras, autor de várias obras, entre elas ‘Futuro Ancestral”, no qual ele abre com uma saudação aos rios, falando sobre e para todos eles:

Rios vivos. Será que vamos matar todos os rios? O que estamos fazendo ao sujar as águas que existem há 2 bilhões de anos é acabar com a nossa própria existência. Elas vão continuar existindo aqui na biosfera e, lentamente, vão se regenerar, pois os rios têm esse dom. Nós é que somos tão efêmeros que vamos acabar secos, inimigos da água, embora tenhamos aprendido que 70% de nosso corpo é formado por água… Vamos escutar a voz dos rios, pois eles falam. Sejamos água, em matéria e espírito, em nossa movência e capacidade de mudar de rumo, ou estaremos perdidos.”

Seja bem vinda, Primavera! Boa leitura, bom fim de semana. 

 

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