Pais & filhos

Neste domingo vamos falar de amor incondicional!
sábado, 08 de agosto de 2020
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Pais & filhos

Mais do que um dia para presentear e estar junto, o Dia dos Pais é uma oportunidade para agradecer e homenagear da forma mais sincera e afetuosa aqueles que sempre dedicaram sua vida, amor, trabalho e cuidado aos filhos. Em muitos casos, aos netos, bisnetos. 

Presentes comprados têm o seu valor, mas nada se compara a uma declaração, um depoimento sincero e despretensioso para tocar o coração de quem cuidou e há de cuidar de você enquanto viver. E deixar claro o quanto sua vida é marcada pelo legado que ele está lhe deixando como herança, e que não poderia ser mais precioso: a trajetória de vidas em comum. 

Em tempos atípicos como esse de agora, de pandemia do novo coronavírus, aproveitamos para ouvir e publicar depoimentos também de pais de primeira viagem, confinados com seus filhos — enquanto um trabalha, o outro estuda ou apenas brinca.  

Pais e filhos, aproveitem a oportunidade para declarar esse amor que tanto se estende às novas gerações quanto aos antepassados. É o que nos faz pensar essa peste que se alastrou pelo mundo, a Covid-19, que soou como um alerta para questões como a fragilidade de nossas existências. 

Convém lembrar também que nunca saberemos por quanto tempo ainda teremos as pessoas que mais amamos ao nosso lado. Então, aproveitemos o Dia dos Pais para expressar nosso amor e gratidão, seja você pai, filho, ou ambos. 

De Pedro Henrique Morett Pinheiro para o filho Antônio, 2 anos:

“Em meados de março todos fomos surpreendidos com o avanço do coronavírus e, pela primeira vez, a nossa geração conheceu de perto o que é um pandemia.

Aqui em casa, como em muitos lares com crianças, nossa vida virou de cabeça para baixo. Em um piscar de olhos, o quarto virou escritório, a sala parquinho e nossa percepção de tempo e espaço se perdeu.

O Antônio, que desde cedo frequentou parquinhos diariamente e estava adorando a escola, foi obrigado a transformar cadeira em escorregador e sofá em pula pula.

Eu e minha esposa tivemos que nos virar com a limpeza da casa e dos produtos oriundos do mercado, com a cozinha, com o Antônio e com o trabalho. 

Não foi e não é nada fácil se virar nessas mil atividades, sem o suporte de ninguém e, principalmente, sem poder respirar o ar livre e dar nossas voltinhas pelo bairro e pelo parque, tão importantes para a nossa rotina familiar.

No entanto, com todos os reveses da pandemias, tive a oportunidade única de passar tanto tempo com o Antônio.

Nunca tive e acredito que nunca mais terei a oportunidade de ver o Antônio acordar, lanchar, almoçar, brincar, cochilar, dar banho e dormir diariamente.

Nesse período, pude me aproximar do meu filho, dividir angústias, aprendizagens, brincadeiras e ver seu desenvolvimento diário.

Na rotina complicada que temos, infelizmente, não eram raros os dias em que eu mal encontrava com meu filho.

Sem dúvida, apesar dos pesares e da saudade dos familiares e dos amigos, vou guardar esse período com muito carinho por ter tido a oportunidade de conviver intensamente com meu filho e minha esposa e ter tido ainda mais uma certeza: obrigado por tanto, Antônio, papai te ama e aprende muito com você.”

(*Pedro Henrique Morett Pinheiro é advogado, friburguense, radicado no Rio, onde trabalha. Casado com Carolina Pereira, desde março está em home office devido a pandemia). 

De Juliana Rosado Martins para o pai Maurício Coelho Martins:

“Paizinho, cheguei pra mudar sua vida aos 49 anos. Te fiz tudo que todos duvidavam: um pai coruja, totalmente entregue a uma menininha invocada e cheia de vontades.

Você fez tanto por mim... desde andar pelo quarteirão barulhento da Atlântica pra me fazer dormir, até sempre entender meu jeito e nunca se chatear comigo. O tempo passou, e hoje eu quero ser pra você tudo que você foi por mim, e muito mais. 

Quero acreditar e vibrar pela sua vida, por mais turbulentos e tortuosos os caminhos que estejamos enfrentando. 

Você, é a força que eu quero ter por você. Você, é o exemplo de vitória que eu quero dar. A vida não esconde de nós que um dia os papéis se invertem, que o pai vira filho do filho. 

Hoje estamos um pouco assim, misturados nos papéis, mas quer saber? A maior prova de amor que um pai pode dar a um filho é a que você está me dando, confiar sua vida a mim. 

Filhos não escolhem os pais, embora, se eu pudesse, te escolheria todas as vezes. Mas pai pode escolher a quem se entregar. Você me escolheu e eu vou honrar cada segundo dessa entrega. 

Te amo, te admiro, te venero, te preciso, meu grande amor: meu pai! Feliz seu dia!” 

(*Juliana Rosado Martins é advogada)

De Leonardo Muniz para pais e filhos:

Leonardo Muniz da Conceição, morador de Cachoeiras de Macacu, é técnico de enfermagem e funcionário da Prefeitura de Nova Friburgo, há 22 anos. Filho de José Eduardo da Conceição, é solteiro, sem filhos biológicos, mas “pai” do sobrinho Emanuel. 

“Não sou pai biológico, porém ajudo a criá-lo desde o seu nascimento. Então, o considero como filho e ele a mim como pai”, esclarece, adiantando que este ano não passará a data com o pai nem com o filho. 

O motivo se deve a uma causa nobre — o combate ao novo coronavírus, que tem sido a prioridade de sua vida desde que a pandemia foi declarada pela OMS. Diante de tudo que tem vivenciado, Leonardo sentiu necessidade de abordar o assunto, em vez de falar diretamente para o pai ou filho. Afinal, o que mais tem assistido são cenas de profunda tristeza de pais e filhos.

“Meu dia a dia tem sido tomado pela luta junto dos meus companheiros no hospital. São tempos difíceis, convivendo com filhos, filhas, mães e pais que deixam seus entes queridos infectados pela Covid-19 nas enfermarias e, em muitos casos, não voltam a vê-los.  

Então, diariamente, nós nos colocamos no lugar desses parentes e podemos sentir a dor de cada um deles. Ficamos fragilizados, abalados pelo sofrimento que a morte de seus familiares causa. Vivi isso com a perda de um tio e sei o quanto é doloroso. 

Quando estamos à frente de uma situação como essa, nunca sabemos o que nos espera. Quando vejo colegas sendo contaminados, alguns deles com sequelas pós-covid, como não ter receio de levarmos esta doença para nossas casas e contaminar nossos familiares? 

Por tudo isso, estar instalado no Sesc é um alívio, pois só assim posso assegurar  que minha família está livre de ser contaminada por mim. Neste domingo, Dia dos Pais, estarei trabalhando, ausente da confraternização. Mas com a certeza de que será pela missão que assumi ao me dedicar à enfermagem”.  

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