A festa é sinônimo de espetáculo em algumas regiões, principalmente no nordeste, com shows de artistas que vão até julho. Por lá ainda prevalece o gênero musical mais tradicional da festa — o forró, patrimônio cultural imaterial do Brasil —, mas também o xote, baião, reisado e as cantigas do momento; e o luxo das fantasias que vestem os integrantes das quadrilhas.
Ritmo que embala as festas de junho, o forró é patrimônio cultural imaterial do Brasil
A partir do momento em que o cristianismo começou a se consolidar na Europa, as comemorações foram incorporadas ao calendário festivo do catolicismo para homenagear santos populares, como Santo Antônio, São João e São Pedro. Aliás, muita gente se pergunta o que Santo Antônio tem a ver com fogueira ou, porque em 29 de junho, celebram São Pedro mas não São Paulo, que a Igreja também comemora no mesmo dia.
As comemorações atuais são marcadas por uma enorme mistura cultural, que agrega contribuições católicas europeias, negras e indígenas, assim como muitas expressões culturais brasileiras. Entretanto, a origem das festas pode ser traçada desde muito antes do Brasil sequer ser um país.
A fogueira de São João
Segundo a Igreja Católica, São João é João Batista. O personagem bíblico é considerado pela crença o precursor de Jesus e o último dos profetas. João Batista anunciou a chegada de Jesus Cristo e o batizou nas águas do Rio Jordão. Sua mãe, Santa Isabel, e Maria Mãe de Jesus seriam primas.
A fogueira de São João, um dos principais símbolos da festa junina, é acesa na noite do dia 23 de junho e preparada para queimar durante os dias da festa. Na crença católica, a mãe de João Batista teria acendido uma fogueira no alto de uma montanha para avisar Maria sobre o nascimento de João.
Outras histórias, teorias, versões. Com ou sem arraial, seja na zona rural ou urbana, e não necessariamente por devoção aos santos católicos, a tradição das fogueiras nos festejos juninos acontece há muitos séculos e é um costume praticado nas cinco regiões do Brasil.
Acender fogueiras neste mês de junho tem profunda ligação com a religiosidade católica, mas o professor de História da Universidade Federal da Paraíba, Mário Vinícius Carneiro explica que a prática possui outras motivações.
O historiador relembra que a tradição de acender a fogueira, muito popularizada entre os cristãos como sinal do aviso do nascimento de São João, não está registrada na Bíblia. O livro sagrado narra apenas a visita de Maria, grávida de Jesus, a sua prima Isabel, que esperava João Batista e que morava em uma região montanhosa de Judá. A passagem bíblica se encerra ai.
Por outro lado, é influenciado pela tradição popular que o paraibano Edison Moreno, de 77 anos, acende a fogueira em frente de casa, e não apenas em devoção a São João.
Pesquisadores apontam muitas outras teorias ligando as fogueiras a São João, no Brasil. No dicionário do folclore brasileiro, por exemplo, Câmara Cascudo destaca que “o santo, segundo a tradição, adormece durante o dia que lhe é dedicado tão ruidosamente pelo povo, através dos séculos e países. Se ele estiver acordado, vendo o clarão das fogueiras acesas em sua honra, não resistirá ao desejo de descer do céu, para acompanhar a celebração, e o mundo acabará pelo fogo.”
No Brasil
A ideia de festa junina chegou ao Brasil durante o período de colonização portuguesa, no século 16. Na época, a honraria aos três santos juninos era marcada por procissões, missas, danças e comemorações populares.
Ao longo do tempo, porém, as festas no Brasil foram também influenciadas pelas tradições indígenas e afro-brasileiras, incorporando elementos culturais locais, segundo um artigo publicado no blog da Universidade de São Paulo (USP) intitulado “Festas Juninas: origem e celebração”.
De acordo com o texto, a cultura indígena contribuiu com elementos como o uso de fogueiras e rituais relacionados à agricultura e à fertilidade, em harmonia com os elementos pagãos europeus que ainda eram encontrados nas manifestações populares.
Já a influência africana trouxe as danças, músicas e instrumentos típicos, como o tambor e a zabumba, que se tornaram parte essencial das festas juninas brasileiras contemporâneas.
(Fontes: brasildefato.com.br & nationalgeographicbrasil.com)
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