A obesidade tem sido cada vez mais reconhecida como um fator de risco significativo para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, monitorou 4,1 milhões de pessoas ao longo de 40 anos e identificou que o excesso de peso está associado a 40% dos casos de câncer. A pesquisa revelou uma relação entre a obesidade e 32 tipos da doença, incluindo mama, intestino, útero e rins, além de apontar pela primeira vez a conexão com 19 tipos adicionais, como melanoma maligno e cânceres de cabeça e pescoço.
Mudanças no estilo de vida podem reduzir o risco, como, perder de 5% a 10% do peso corporal, diminuindo a probabilidade de desenvolver a doença
De acordo com especialistas, a obesidade influencia o risco de câncer por meio de três mecanismos principais. O primeiro é a inflamação crônica, já que o acúmulo de gordura corporal, especialmente a visceral, mantém o organismo em um estado de inflamação persistente, prejudicando as células de defesa e dificultando a eliminação de células cancerígenas. O segundo são as alterações hormonais, uma vez que a obesidade aumenta a produção de hormônios como estrogênio e insulina, que estão diretamente ligados à proliferação de células tumorais. O terceiro mecanismo é a disfunção metabólica, pois o excesso de tecido adiposo afeta o funcionamento celular e cria um ambiente propício para o surgimento e progressão do câncer.
A endocrinologista Giovana Corralo explica que "a obesidade, principalmente a visceral, leva a um estado de inflamação crônica e também ao aumento de alguns hormônios, como o estrogênio e a insulina, o que pode favorecer o aparecimento de câncer".
Os tipos mais associados ao excesso de peso são o câncer de mama em mulheres pós-menopausa, câncer de endométrio, fígado, colorretal e esôfago. "O impacto maior está no fato de que a obesidade está aumentando de forma muito intensa nos últimos anos. Com isso, o risco de desenvolver esses tipos de câncer também cresce", alerta a médica.
Medidas preventivas
A boa notícia é que mudanças no estilo de vida podem reduzir esse risco. "O ideal seria tentar ter uma perda de peso, algo entre 5% a 10% do peso corporal, que já traz uma melhora na saúde e reduz a probabilidade de desenvolver câncer", orienta a endocrinologista. Além disso, uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e fibras, com baixo consumo de açúcar e gorduras saturadas, é essencial.
"É importante reduzir o consumo de açúcar e manter um nível baixo de gordura saturada, que é a pior para a saúde", explica.
Outras medidas preventivas incluem a prática regular de atividade física, evitar o tabagismo e limitar o consumo de álcool. "Parar de fumar e reduzir o consumo de álcool são passos fundamentais para diminuir esse risco", destaca Corralo.
Evidências científicas apontam que a perda de peso pode reverter ou minimizar o risco de câncer em pessoas obesas. "Quando emagrecemos, perdemos gordura visceral, que está muito relacionada ao estado de inflamação crônica e aos riscos da obesidade. A perda de peso reduz esse risco, mas outros fatores, como genética e hábitos de vida, também influenciam", esclarece a especialista.
Diante do crescimento alarmante da obesidade no mundo, a conscientização sobre sua relação com o câncer se torna cada vez mais urgente. Adotar um estilo de vida saudável pode ser um fator decisivo para evitar a doença e garantir uma melhor qualidade de vida.
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