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Celular na escola: vilão ou ferramenta do futuro?
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
Se tem uma coisa que nunca sai de moda é a busca por um culpado para os problemas da educação. Já foram os quadrinhos, os videogames, as cartas de Yu-Gi-Oh (um famoso desenho japonês dos anos 2000), o funk, e agora, adivinhe? Os celulares! Muitos governos ao redor do mundo decidiram que a solução para melhorar as notas e a atenção dos alunos seria banir os telefones das escolas. Mas será que isso realmente funciona?
Uma pesquisa recente jogou um balde de água fria nessa ideia: proibir celulares nas escolas não aumenta as notas e nem a proatividade dos estudantes. Ou seja, a solução mágica não é tão mágica assim. Mas, então, o que fazer diante dos desafios enfrentados pela educação brasileira?
Celular: vilão ou inocente?
Vamos ser sinceros: o celular pode, sim, ser um grande empecilho na sala de aula. Quem nunca ficou rolando o feed do Instagram ou os grupos de Whatsapp ao invés de prestar atenção em algo importante? O celular, se mal utilizado, é sem dúvidas um antagonismo à proatividade.
O problema é que culpar apenas o aparelho é como dizer que o lápis é culpado pelos erros de ortografia. A distração sempre existiu – seja com bilhetinhos, revistas escondidas dentro do livro, rabiscos no caderno ou até mesmo quem ficasse olhando para o teto para que o tempo passasse.
Por outro lado, não há como negar que ele também é uma ferramenta poderosa e extremamente relevante nos tempos atuais. No mundo real – aquele fora da escola – celulares são essenciais para trabalho, estudo, aprendizado e comunicação (até mesmo entre os alunos e seus pais).
Aplicativos como Google Drive, Duolingo, Coursera, YouTube Educacional, ChatGPT e até o bom e velho WhatsApp, se usados corretamente, podem ser aliados do aprendizado moderno. A diferença é que hoje, o celular, tem todas as modalidades de distração e muito mais, não sendo sempre utilizado de maneira ideal.
A solução não está na proibição, mas na educação
Se o objetivo é melhorar o desempenho dos alunos, a resposta não está no banimento, mas talvez na adaptação das tecnologias ao estudo e a rotina dos adultos de amanhã. Educar para o uso consciente e eficaz da tecnologia, ao invés de fingir que ela não existe. E, sejamos honestos, ignorar isso é tapar o sol com a peneira.
Algumas escolas pelo mundo já perceberam isso e adotaram métodos mais modernos. Usam notebooks em suas salas de aula, smartphones e outras tecnologias associadas. Há também, a implementação de horários específicos para o uso do celular em atividades pedagógicas ou até aplicativos que ajudam no controle de tempo e foco dos estudantes.
Outro ponto importante: o celular é, para muitos, ferramenta de trabalho no mundo moderno. Embora exista o jornal impresso, é certo que muitos de vocês estejam lendo essa coluna por meio do seu celular. O celular tornou-se um aparelho imprescindível nas relações sociais e de trabalho. Não há como não fingir que ele não exista.
Muitos alunos trabalham e estudam (assim como eu), e o telefone é essencial para isso. Além disso, os jovens de hoje serão os profissionais de amanhã, e o mundo corporativo já exige habilidades digitais rebuscadas. Em meio a um mundo profissional concorrido, por que não preparar essa galera desde cedo para usar a tecnologia a seu favor?
O equilíbrio entre disciplina e tecnologia
Claro que não dá para liberar geral e deixar a sala de aula virar um festival de TikTok em plena aula de Geometria. A escola precisa estabelecer regras, ensinar limites ou até mesmo usar aplicativos de controle. Mas também não adianta agir como se o celular fosse um monstro devorador de notas. O segredo está no equilíbrio.
Outra coisa importante é que a proibição, muitas vezes gera ainda mais estímulo ao fazer escondido. Quem nunca ouviu que o escondido é sempre mais gostoso? E não há nada que um jovem goste mais de fazer do que ir contra as regras que a sociedade impõe. Efetivamente, sabemos que a medida não irá funcionar.
A verdade é que proibir o celular nas escolas não vai fazer milagres. Enquanto não repensarmos a metodologia – arcaica e maçante – da educação brasileira, teremos ainda empecilho no interesse dos alunos nas escolas, que buscam válvulas de descompressão, sejam nos bilhetinhos escondidos, nas revistas, olhando para o teto ou no celular.
A educação precisa evoluir junto com a tecnologia. E, convenhamos, se o objetivo é preparar os alunos para o futuro, talvez esteja na hora de parar de brigar com ele.
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
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