O significado da contemplação do florescer da Cerejeira

Poemas eram escritos louvando as delicadas flores, vistas como uma metáfora da própria vida, brilhantes, bonitas, mas efêmeras
sábado, 18 de junho de 2022
por Jornal A Voz da Serra
Foto: Henrique Pinheiro
Foto: Henrique Pinheiro

Segundo inúmeras fontes sobre o tema, hanami é o “costume tradicional japonês de contemplar a beleza das flores”, sendo que ‘flor’, neste caso, quase sempre significa sakura ou umê. Um costume que se expandiu mundo afora sendo festejado em várias cidades, em épocas diferentes, como em Nova Friburgo, por exemplo. Mas, é no Japão que a celebração se mantém em sua forma mais tradicional atraindo turistas de diversos países.

Do fim de março ao começo de maio, o sakura floresce por todo o Japão, por volta do início de fevereiro na ilha de Okinawa. A previsão de florescimento, sakurazensen (lit. frente de florescimento do sakura) é anunciada todo ano pela Agência Meteorológica do Japão e é observada cuidadosamente por aqueles que planejam fazer o hanami, visto que ela floresce por apenas uma ou duas semanas. 

No Japão moderno, o hanami consiste basicamente em realizar festas ao ar livre embaixo do sakura durante o dia ou a noite. À noite é chamado de yozakur (lit. sakura noturno). Em muitos lugares, como o Parque Ueno, lanternas de papel temporárias são presas para realizar o yozakura. Já na ilha de Okinawa, lanternas elétricas decorativas são presas nas árvores para o divertimento noturno, como nas árvores do Monte Yae, perto da cidade de Motobu, ou no Castelo Nakajin.

Uma forma mais antiga do hanami é a contemplação do florescimento da ameixeira (ume). Esse tipo é popular entre as pessoas mais velhas, pois elas são mais tranquilas do que as festas do sakura, que normalmente envolvem pessoas mais jovens e, às vezes, podem ficar lotadas e mais barulhentas. 

 

Ao longo dos tempos…

 

A prática do hanami é realizada há muitos séculos. Dizem que o costume começou durante o período Nara (710-794) quando o florescimento do ume era mais admirado. Mas no período Heian (794-1185), o sakura começou a atrair mais atenção e o hanami virou sinônimo de sakura. A partir de então, no waka e no haikai, "flores" significam "sakura".

 A palavra hanami foi usada pela primeira vez como um termo análogo à contemplação do florescer da cerejeira no romance Genji Monogatari. Embora uma festa de contemplação de wisteria tenha sido também descrita, deste ponto em diante os termos ‘hanami’ e ‘festa da flor’ foram usados apenas para descrever a contemplação do florescer da cerejeira.

O sakura era originalmente usado para comemorar a colheita e para anunciar a estação de plantação de arroz. As pessoas acreditavam no kami no interior das árvores e faziam oferendas. Depois, eles passaram a oferecer saquê. O Imperador Saga, do período Heian, adotou esta prática e organizou festas de contemplação de flores com saquê e banquetes debaixo das flores das árvores de sakura na Corte Imperial de Kyoto. 

Poemas eram escritos louvando as delicadas flores, que eram vistas como uma metáfora da própria vida, brilhantes e bonitas mas efêmeras e transitórias. Esta seria a origem do hanami no Japão.

O costume foi originalmente limitado à elite da Corte Imperial, mas logo se espalhou pela sociedade samurai e, no período Edo, para o povo em geral. Tokugawa Yoshimune plantou grandes áreas com árvores de cerejeira para encorajar sua prática, e  sob as árvores de sakura, as pessoas comiam e bebiam saquê em alegres banquetes.

Até hoje, os japoneses mantêm a tradição do hanami, reunindo-se um grande número aonde quer que as árvores estejam florescendo. Milhares de pessoas enchem os parques para organizar banquetes e, às vezes, essas festas se estendem noite adentro. Em mais da metade do Japão, o período de florescimento coincide com o começo do ano letivo e do ano fiscal, propiciando festas também de boas vindas que muitas vezes ocorrem durante o hanami. 

E assim o povo reitera essa secular tradição, ao mesmo tempo em que cultua a memória de seus antepassados, celebrando o hanami em um congraçamento que reúne pessoas de todas as partes do mundo, em seus parques e ruas. Esta é, também, uma bela forma de renovar seus espíritos.

 

 

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