O que te faz feliz? Muitas pessoas passam a vida procurando a resposta desta pergunta, enquanto outras enxergam que exercitar a felicidade, pouco a pouco, é o segredo para quem pretende alcançá-la.
No Oriente, principalmente em países como o Japão, o conceito de felicidade é um aspecto interpessoal que enfatiza a harmonia e conexão do indivíduo com o outro
De acordo com artigo publicado na revista científica Plos One, a maioria dos estudos transculturais aplica a felicidade como uma emoção autocentrada, uma autoexcitação para a cultura ocidental, enquanto no Oriente, principalmente em países como o Japão, conceitua a mesma como um aspecto interpessoal que enfatiza a harmonia e conexão do indivíduo com o outro.
Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro, o conceito de felicidade pode ser discutido de formas distintas dentro da filosofia, psicologia, antropologia e psiquiatria. Dentro de um senso comum, as pessoas a comparam a um estado de espírito, como se naquele momento sentissem um ápice de prazer. No entanto, é preciso ter cuidado.
“Quando detemos de uma compreensão mais ampla do conceito, a necessidade de ter essa emoção e sensação pode ser influenciada por fatores internos e externos. Dentro da primeira perspectiva, a congruência de valores com o que está desenvolvendo na vida e mesmo uma dimensão de agregar consistência ao que faz, pode alimentar os que se sentem mais felizes.
Enquanto, os que se se veem fora da medida ou distantes do que realmente gostariam de estar fazendo, não terão a plenitude do sentimento”, destaca a especialista, mestre em psiquiatria pelo Propsam/Ipub/UFRJ e psiquiatra associada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Maria Francisca ressalta a presença de vínculos afetivos estáveis e duradouros. Dentro deste aspecto, há pessoas que estão em evidência no seu núcleo de amigos, família e sociedade. “É importante perceber que no contexto da sua rotina há um acolhimento e reconhecimento de quem realmente gosta de ser mais profundo”, pontua.
Na cultura em que estamos inseridos, este sentimento pode ser vinculado a conquistas externas, como maiores rendimentos, acúmulo de riquezas e determinar um espiral de constante busca pelo topo que lhe dê felicidade.
“Palavras como sucesso, vitória e outros marcos de métrica podem passar a se misturar com a tal ‘obrigação’ de um progresso”, sinaliza a psiquiatra.
Há diferenças entre países que se concentram no valor do indivíduo e suas responsabilidades para a conquista do bem-estar e àqueles que valores coletivos e de um papel social estão em evidência.
“Em um mundo cada vez mais rápido, com uma comunicação fragmentada pela figurinha da carinha feliz, dos emojis risonhos, temos os que embarcam na felicidade da receita. Este é um caminho de atalhos, em que você irá se questionar novamente se aqui tudo faz sentido para a sua vida”, comenta.
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*Mª. Francisca Mauro, também doutoranda em psiquiatria e saúde mental pelo Propsam/UFRJ, participou da equipe de interconsulta psiquiátrica dos hospitais Clínica São Vicente, Pro-Cardíaco e São Lucas // Em www.fbh.com.br/ Federação Brasileira de Hospitais
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