“Meu pai era um homem simples, mas teve grandeza. E o mais importante, ele torcia por mim. Para mim, esse é o significado maior de um pai. Alguém capaz de torcer, sempre, sem nenhuma condição, nenhuma imposição. Porque a única condição entre pai e filho deve ser sempre o amor”.
Esse trecho foi retirado do depoimento do jornalista, escritor e autor de novelas Walcyr Carrasco sobre seu pai, para o livro Grandes Amigos: Pais e Filhos.
Não se nasce pai, torna-se pai. Criar e cuidar de uma criança são tarefas árduas que exigem esforço, tempo, dedicação, paciência… Por isso, não deve ser responsabilidade única da mãe. Quando o trabalho é dividido entre mãe e pai, além de ficar mais rico, ele fica mais fácil. Pai e mãe devem participar de todo o processo de desenvolvimento e a função paterna vai muito além de “ajudar” a mãe a cuidar dos filhos.
É normal que nos primeiros meses de vida do bebê, enquanto ele ainda está sendo amamentado e durante o período de licença-maternidade, a mãe se dedique mais tempo ao filho. Mas depois deste período, o pai também deve estar presente em tudo. Na consulta com o pediatra, nas reuniões escolares ou em emergências que exigem que os pais saiam do trabalho, a presença de ambos é essencial.
A rotina da família, a carga de trabalho e a divisão de tarefas dentro do lar devem ser decididas em conjunto, de preferência com equilíbrio entre as partes.
“Pesquisas demonstram que a figura paterna possibilita à criança a entrada no contato social de forma mais segura. Proporciona o equilíbrio que a criança precisa”, explica a psicóloga Márcia Orsi.
Segundo ela, estabelecer limites e ajudar o filho a ter noção de certo e errado são algumas das atitudes decisivas para a formação do caráter e também fazem parte da função paterna.
Vínculo para a vida
Para Márcia, a participação ativa do pai na criação fortalece o filho para a vida individual e social, além de promover segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
“Separar um tempo para brincar, ler, estudar e conversar com os filhos é fundamental. Mostrar o mundo masculino é importante para o equilíbrio da criança”, afirma a psicóloga e conclui: “Você, pai, é exemplo a ser seguido e é referência quanto à integridade, ética e valores”.
A pedagoga e psicóloga Betty Monteiro explica que o pai é o primeiro ‘outro’ na vida da criança, a primeira pessoa que introduz uma relação além da materna. “Imagine uma planta que se alimenta da seiva da árvore. Este é o símbolo simbiótico, o primeiro tipo de vínculo que a criança estabelece com a mãe. O pai vem para quebrar este vínculo”, justifica a psicóloga.
“A criança espera coisas diferentes de pai e mãe. Geralmente o pai representa proteção e a mãe representa cuidado. Uma criança que tem um pai presente e participativo cresce se sentindo mais segura”, completa.
Presença marcante
“Na nossa cultura, não estimulamos que os meninos se preparem para ser pai. Quando um menino brinca de boneca, sua masculinidade é questionada, por isso temos modelos de pais que são apenas pais mecânicos, que executam ordens, mas não estão conectados aos filhos. É aquele pai que está dando banho só porque a mãe pediu”, diz Betty.
Ela também afirma que, geralmente, a criança que cresce sem a presença da figura paterna busca esse modelo masculino em outra pessoa, como um avô, tio ou amigo da família, e que isso é importante para a construção da identidade.
Por isso, é necessário que o pai não esteja apenas fisicamente presente, mas que contribua para a educação e a formação dos filhos, e não seja indiferente ao desenvolvimento deles.
Quando uma criança se sente rejeitada pelo pai, ou não se sente desejada como um filho, pode ficar frustrada, insegura e ansiosa. Já quando o filho se sente querido, a sensação de bem-estar é muito maior e isso é essencial para o desenvolvimento emocional.
(Fonte: site Pais & Filhos)
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