Por Náthalie Olival*
A sociedade atual tem sido muito cruel com relação aos padrões de beleza considerados “belos”. A cada dia a busca incessante por procedimentos estéticos e cirurgias plásticas vem aumentando significativamente devido à fragilidade da autoestima das pessoas. Não quero afirmar que sou contra, eu mesma já passei por alguns para adequar meu corpo às minhas métricas, porém, a pergunta é:
“As pessoas mudam porque sentem que precisam mudar ou porque se sentem apontadas e feridas com julgamentos de terceiros? Ou ainda: são incapazes de enxergar a própria beleza nesse ambiente atual cheio de filtros e edições ‘fantásticas’?”
Se você responder a essa pergunta, seguramente, dizendo “faço por mim mesmo, porque acredito que preciso pra ser feliz”, então tudo está certo. Agora, se for o contrário, acho que possivelmente você vive mudando seu corpo e sua aparência por conta de padrões que você acha que te servirão.
Estive cara a cara com os dois extremos com relação a peso, altura e até mesmo gênero. Já fui super gorda, super magra, super baixa até os 14 anos, depois cresci e hoje sou considerada muito alta. Antes eu era um menino afeminado, hoje sou uma mulher com voz grossa.
Tudo isso para exemplificar que não importa o que e como você seja, sempre haverá indivíduos capazes de fazer você se sentir mal consigo mesmo se assim você permitir. Nossa atualidade vive de aparências e de ciclos, onde o que é bonito hoje, amanhã já pode não ser.
Minha solução? Ahh, muito fácil! Estar satisfeita consigo mesma, com ou sem procedimentos e mudanças estéticas.
A nossa felicidade deve ser construída na nossa psiquê e não podemos deixar a criatividade de outro afetar sua relação com o espelho. Saúde mental é importante e está em falta nos dias de hoje.
Náthalie Olival é modelo, youtuber e trans
O Império das Negas mudou a minha vida
Por Maiara Felício*
Um dos lugares mais cruéis para uma mulher negra viver em relação aos padrões de Beleza é dentro dos espaços estudantis onde a construção é feita.
No meu caso, por exemplo, no final dos anos 1990 e no início desse século, as discussões sobre negritude e racismo não tinham avançado tanto quanto hoje e o racismo institucional perpetuava nas crianças a opressão de pessoas pretas crianças ou não. Vi colegas apelidando crianças negras e professores rindo.
O fato da não ter colorido um desenho que retratasse uma pessoa (humana) negra no período escolar ja vale a reflexão. Lembro-me apenas no período de comemoração do folclore nacional de colorir o Saci Pererê.
Fora os estereótipos alimentados nas salas de aula, que enalteciam cabelos longos e lisos, lábios finos e olhos azuis, coisas que me faziam sentir vergonha dos meus traços negroides. Eu tive calos nas mãos de tanto fazer força pra prender meus cabelos que não alisavam nos procedimentos que eu tentava.
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